29/07/2016

J. K. Rowling como Robert Galbraith



J. K. Rowling conquistou vários corações (incluindo o meu) com a famosa saga de Harry Potter. Por isso, naturalmente, ficamos sempre curiosos quando ela lança um novo livro, pois temos a perspectiva de que vem escrita de qualidade por aí.

Com o pseudônimo de Robert Galbraith, Rowling inova na área do romance policial com a série protagonizada pelo detetive particular Cormoran Strike. Li o primeiro livro da série "O Chamado do Cuco" e digo a vocês que esperava bem mais. O livro não teve um final que me surpreendeu, a narrativa é meio entediante em algumas partes, as personagens não me conquistaram, além de ter achado a relação de personagens confusa.

Eu sou fã de narrativas policiais e de suspense, e penso que o grande diferencial desses gêneros é a surpresa que o leitor tem ao final, com o desfecho do enredo. No entanto, na metade para o final do livro "O Chamado do Cuco" já sabia quem havia cometido o assassinato. Foi simples e sem grandes surpresas.

Por isso, fiquei decepcionada. Creio que quem é acostumado à leitura de Agatha Christie também o ficará.

Beijos! ;*

16/02/2016

"O Sorriso da Hiena", de Gustavo Ávila

Alguém aqui já viu o sorriso de alguma hiena?

Prazer... sorriso da hiena! =)
No reino animal, é muito conhecido e peculiar o sorriso da hienas. Segundo um estudo realizado por cientistas da Universidade da Califórnia (EUA), o principal motivo do ruído emitido pelo animal é de frustração. Ainda segundo a pesquisa, o riso desse animal varia de acordo com a posição que ele pertence no grupo, de tal forma que, quanto mais inferior a sua hierarquia, maior o seu riso.

Pois bem, esse peculiar (e, convenhamos, engraçado) sorriso foi a inspiração para o título do livro de um dos mais novos e brilhantes escritores brasileiros, o Gustavo Ávila. E, ao lermos o livro, percebemos que tem tudo a ver com o enredo.

O Sorriso da Hiena
304 páginas
Gente, e que livro f***!!!! Pelo amor de Deus, o que foi isso?? Sem brincadeira alguma, esse foi um dos melhores romances policiais que eu já li na vida, sendo até melhor que alguns policiais do Stephen King (aliás, "Joyland" não é lá essas coisas que andam dizendo por aí...).

Mas, deixando a euforia de lado, vamos nos ater ao enredo em si. Segundo a sinopse:

Deus não escreve a sua história. Só risca as linhas. Atormentado por achar que não faz o suficiente para tornar o mundo um lugar melhor, William, um respeitável psicólogo infantil, tem a chance de realizar um estudo que pode ajudar a entender o desenvolvimento da maldade humana. Porém, a proposta feita pelo misterioro David coloca o psicólogo diante de um complexo dilema moral. Para saber se é uma pessoa má por ter presenciado o brutal assassinato dos seus pais quando tinha apenas oito anos, David planeja repetir com outras famílias o mesmo que aconteceu com a dele, dando a William a chance de acompanhar o crescimento das crianças órfãs e descobrir a influência esse trauma na vida delas. Até onde ele será capaz de ir? É possível justificar um ato de crueldade quando, por trás dele, há a intenção de fazer o bem? 

Diferente de outros livros nos quais tenho comentado ultimamente, eu quis colocar a sinopse como ponto de partida do nosso bate papo, porque eu acho que a sinopse e o início do livro nos falam muito sobre o que será e como será o enredo. Na minha opinião, o livro possui um "trio parada dura", formado por um protagonista, o David, por um antagonista, o Artur, e por uma personagem secundária, o William.

O David, como a própria sinopse e o prólogo do livro irá nos narrar, é um cara que aos oito anos presenciou a morte brutal de seus pais. Esse é um trauma que o seguirá por toda a sua vida e, quando adulto, ele resolve fazer o mesmo com outras crianças, de diferentes classes sociais e com diferentes histórias de vida, como uma espécie de teste para descobrir até que ponto esse trauma irá influenciar as suas vidas. Por outro lado, o William é um psicólogo que trabalha com crianças e é escolhido pelo David para acompanhar e fazer um estudo dos casos, com um detalhe: o William nunca tem contato com o David, nem sabe quem ele é pessoalmente.

No meio dessa confusão de vários assassinatos acontecendo, a polícia começa a investigar e ligar os casos, tentando chegar ao autor dos crimes. Um dos melhores detetives da polícia, o Artur, é chamado para investigar as ocorrências. Artur é uma pessoa que tem dificuldade de se relacionar com outras pessoas, por isso não é bem quisto pela corporação, porém, é considerado uma das mentes mais brilhantes para solucionar casos.

A história é brilhante, nos dando a impressão que cada detalhe, desde o modo de vida até uma passagem bíblica, é super importante para o desenrolar do enredo.

O narrador é uma terceira pessoa (aquele "famoso", que tudo sabe e que tudo vê), o que facilita o desenvolvimento da história e o conhecimento, por parte do leitor, dos fatos que ocorrem no decorrer da narrativa.

A narrativa do livro é tão empolgante, que a gente não quer parar de ler. E, quando mais o livro vai acabando, mais a gente vai se prendendo à história. E, gente... o final é surpreendente! Eu acho que esse é um livro de leitura fácil e rápida, então, se você puder, leia agora. Vale muito à pena!

Um dica... Sabe aqueles crimes perfeitos? Pois bem, é o caso.

Uma querida amiga, a Claudinha, me atentou ao fato do final do livro ter uma certa semelhança com o final do filme argentino "O Segredo dos Seus Olhos", dirigido por Juan Jose Campanella. O filme está disponível na Netflix, então, fui assistir. E não é que tem certa semelhança o final mesmo? Aliás, esse filme é igualmente incrível, apesar do enredo ser bem diverso do caso desse livros. Fica a dica!

O livro pode ser encontrado no link a seguir, caso você tenha interesse: http://osorrisodahiena.com.br/. Creio que o livro não esteja mais disponível para a venda, mas o e-book está e é tão baratinho, que vale muito comprar!

Um beijo e até mais! ;*

31/01/2016

"Palavras de Poder - Entrevista com Monja Coen", de Lauro Henrique Jr

Editora Leya
Nota: 5/5

Olá, pessoas queridas! Tudo bem com vocês?

Então, hoje iremos conversar um pouco sobre um livrinho delicioso que li em um pouco menos de uma hora, denominado "Palavras de Poder - Entrevista com Monja Coen". Na realidade, Lauro Henrique Jr lançou dois livros, um foi o "Palavras de Poder: Volume Brasil" e "Palavras de Poder: Volume Mundo", onde ele transcreve várias entrevistas feitas com personalidades da espiritualidade e do autoconhecimento do mundo. Essa entrevista que irei comentar rapidamente faz parte do Volume Brasil e nós podemos encontrar separadamente na Amazon ou o volume completo. Aliás, no site da Amazon, todos esses livros fazem parte do Kindle Unlimited, aquele programa de aluguéis de livros.

A Monja Coen é uma fonte de inspiração para a minha vida. Antes de conhecê-la eu já estudava - ou melhor, tentava - estudar o budismo, no entanto, achava uma religião cheia de dogmas e, até certo ponto, difícil de compreender. Daí eu conheci a Monja e seus programas na Rádio Mundial. E, como consequência, conheci o Zen Budismo e a minha visão dessa religião ficou mais simplificada.

Um das principais lições que tenho aprendido com a Monja é que podemos continuar acreditando em Deus e seguindo os ensinamentos de Buda. Isso era algo que eu tinha muita dificuldade de compreender, principalmente com o ensinamento de outras correntes budistas, mas daí percebi que dá para conciliar essas duas crenças e, acima de tudo, que é importante e que a vida faz mais sentido se conciliarmos. Quero em outros momentos falar sobre outros ensinamentos que estou tendo com o Zen Budismo, mas de antemão queria frisar esse, devido ao momento de intolerância religiosa em que vivemos.

Pois bem, a entrevista é curta, mas muito esclarecedora. Se você não conhece a Monja Coen ou o Zen Budismo, vale a pena a leitura. O nome da Monja é Claudia Dias Batista de Souza e ela foi ordenada monja em 1983. Antes ela era jornalista e participou de várias atividades de contracultura no país. Ela fundou a comunidade Zen Budista no Brasil em 2001. Co significa "só" e En significa "completa", então, podemos dizer que ela é uma monja "só e completa".

Na entrevista, ela irá falar de alguns conceitos introdutórios do budismo, como o caminho do meio e o que significa ser uma pessoa virtuosa, como lidamos com o sofrimento, bem como a presença absoluta.

"Temos que nos tornar uma ponte que auxilia os outros em sua travessia do mar de sofrimento para o espaço de comunhão e compreensão superior".
"Aprecie o caminho".
Acho que falar mais seria estragar a delícia que é esse livro. Fica aqui a dica de um livro carregado de espiritualidade e rápido de ser lido, perfeito principalmente para aqueles momentos de descanso.

Para acessar o site da Monja Coen é só clicar aqui.

Um beijo e até mais! ;*

26/01/2016

"A Sangue Frio", de Truman Capote

Editora Companhia das Letras
Tradução: Sergio Flaksman
Nota: 4/5

Sinopse do livro aqui.

Olá pessoas queridas! Tudo bem com vocês? Então, vamos conversar um pouco sobre um dos grandes livros do Truman Capote, "A Sangue Frio". Esse livro está em dois desafios que estou participando, o "30 Livros para Ler Antes dos 30" e "12 Livros para 2016".

Eu fiquei muito interessada na história depois de ver um comentário em um vídeo da Tatiana Feltrin e, principalmente, após ver o filme "Capote", no qual o incrível Philip Seymour Hoffman fez o papel do Truman Capote e ganhou, dentre outros prêmios pelo papel, o Oscar de melhor ator.

Inicialmente, importante destacar que o livro faz parte de uma espécie de gênero literário chamado "Jornalismo Literário", no qual, apesar de não ser o primeiro a escrever esse gênero, Truman Capote é o seu maior expoente. Para compreender melhor o jornalismo literário, essa matéria aqui é bem interessante. Então, vamos dizer que a estrutura é um pouco diferente dos livros de ficção que estamos acostumados a ler, se assemelhando muito com os gêneros de não ficção (sim, que é o que realmente esse livro é).

Pois bem, Truman Capote, já um escritor conhecido e influente, em novembro de 1959, toma conhecimento, através de uma notícia de jornal, do assassinato brutal de uma família de quatro pessoas, na pequena cidade de Holcomb, no Kansas, Estados Unidos. A partir dessa notícia, ele vai à cidade tomar conhecimento dos fatos e começa a colher materiais que resultaram nesse brilhante livro.

A família assassinada são os Clutter, uma família muito prospera e também muito querida na cidade. Aliás, a cidade Holcomb me pareceu uma cidade pequena, onde todos se conhecem (ao menos de vista) e também muito tranquila e muito familiar. O que tornou o crime mais bárbaro ainda. A cidade era tão tranquila que, no primeiro capítulo da narração, o escritor vai nos informar que os Clutter dormiam com as portas abertas, tal era a segurança e tranquilidade da localidade.

Família Clutter assassinada
No primeiro capítulo, já ficamos sabendo quem são os assassinos (Perry e Dick) e a descrição do dia antes da morte da família (14 de novembro de 1959), tanto uma descrição detalhada do que a família fez e com quem estiveram, como um relato da preparação dos assassinos para o crime. Os outros capítulos são dedicados à descoberta da família morta, o impacto que tal notícia teve na cidade, as investigações, a descoberta dos assassinos, bem como o seu julgamento e a morte dos mesmos.

Quando da publicação da história (inicialmente em um jornal e, após, condensada em um livro), ocorreram muitas polêmicas em torno da mesma. Primeiramente, pelos personagens alegarem não terem dito aquilo que necessariamente estava escrito. Capote usava uma técnica na qual ele não precisava utilizar o gravador quando ia conversar com uma pessoa, mas apenas memorizava aquilo que a pessoa falava. Ele alegava que o gravador acabava intimidando a pessoa e não fazendo com que ela expressasse tudo aquilo que ela gostaria. Porém, o perigo dessa técnica é que o escritor não descreve em sua narrativa aquilo exatamente que o personagem falou, mas a intenção de sua fala, aquilo que ele gostaria de transmitir e, isso, gerou um certo desconforto entre as pessoas que de certa foram participaram do livro como personagens. Essa é uma grande característica do Jornalismo Literário. Outro ponto de forte polêmica foi o fato de algumas pessoas falarem que Truman Capote se envolveu de forma demasiada com um dos assassinos, Perry Smith. Na verdade, podemos perceber isso claramente na própria narrativa, onde o escritor humaniza demais o próprio Perry. Dizem as boas e más línguas que Truman Capote, apesar de ser convidado, não teve condições de assistir à morte de Perry Smith, mas apenas a de Dick.

Os assassinos: Dick e Perry
De forma geral, o livro é excelente! E o mais impressionante é que a história de fato ocorreu. Não sei vocês, mas todas as vezes que eu leio uma história de não-ficção eu fico impressionada por aquilo ter ocorrido na vida real. No entanto, achei meio tediosa umas partes do livro, motivo pelo qual esse não é um dos meus favoritos da vida. Acho que até vale uma releitura, mais para a frente desse livro, porque ele merece uma segunda chance, pois boa parte da minha "decepção" se deve ao fato de ter criado muita expectativa sobre o mesmo.

Para complementar a leitura, vale muito muito a pena assistir ao filme "Capote", porque teremos uma noção de como foram os bastidores da narração dessa história, desde o momento da descoberta de Capote da história, numa página de jornal, até a publicação do livro. Esse filme é baseado numa biografia de Capote e lá temos a presença da querida Harper Lee. <3

Um beijo e até mais! ;*

12/01/2016

Sobre o medo de ler clássicos


Sim, eu confesso que tenho (ou tinha, ainda não sei muito bem) um grande medo de ler clássicos da literatura.

Não só pela leitura em si, mas principalmente pela pós leitura. Os clássicos têm um grande peso na nossa lista de leituras e parece que dão uma "grande responsabilidade" ao leitor. E esse peso aumenta quando você lê um calhamaço de mais de mil páginas... 

Enfim, ano passado abandonei a leitura de dois livros considerados clássicos, por medo. O primeiro foi "Os Miseráveis", do Victor Hugo, e o segundo foi "Grande Sertão: Veredas", do Guimarães Rosa. Simplesmente travei. Criei tanta expectativa que travei. Fiquei com medo, coloquei um peso imenso num livro e não consegui passar das primeiras cento e cinquenta páginas de cada um. Depois me senti frustada e passei a refletir sobre isso.

A verdade é que criamos tanta expectativa num livro por seu um clássico, muitas vezes sem sentido. Os livros são clássicos são importante para a literatura mundial, não temos dúvidas disso, mas são apenas livros e não monstros de "sete cabeças". Dessa forma, a gente acaba perdendo tanta oportunidade de ler bons livros nessa vida porque simplesmente nos disseram que era um livro "muito difícil" ou porque ele tem mais de mil páginas.

Acho que eu criei esse post mais como um desabafo. Porque já cansei de me pôr limitações de leitura e cansei de ouvir outras pessoas ficarem surpresas com a minha lista de livros por ler ou com o livro que eu estou lendo, como se eu não tivesse capacidade de ler tal livro. O que não é verdade, pois todos nós temos.

Esse ano irei me dedicar principalmente à leitura dos grandes clássicos da literatura brasileira e mundial. Quem ainda não viu minha lista, pode clicar aqui. Dessa forma, não espero ler muitos livros, mas apenas bons livros. E sim, irei passar pelo desafio de ler "Ulisses", de Jaimes Joyce. Porque, sim, ele é apenas um livro e eu tenho condições de lê-lo (todo mundo tem). \o/ Também já iniciei a leitura de "Guerra e Paz", de Liev Tolstoi, e retomei a leitura de "Os Miseráveis", de Victor Hugo. Esses dois espero acabar por volta de abril deste ano.

Acho que é sempre bom colocar um freio em nossos medos e encarar a leitura de grandes clássicos. É o que eu estou tentando fazer e, até o momento, estou me saindo bem. A vida é muito curta para lermos livros ruins. ;)

Beijos e até mais! ;*

10/01/2016

Lendo Os Miseráveis #1




Olá pessoas, tudo bem com vocês? :)

Hoje iremos conversar um pouco sobre o livro "Os Miseráveis", do Victor Hugo. Estou participando da leitura coletiva promovida pelo canal Livro & Café e Subindo no Telhado e se você quiser se juntar conosco nessa missão, poderá ter mais informações clicando aqui.

Nessa primeira semana li até a página 158 (Tomo I Fantine, livros 1º e 2º), seguindo o cronograma de leitura sugerido pelos blogs acima. A ideia é ler cerca de 150 páginas por semana.

"Enquanto, por efeito de leis e costumes, houver proscrição social,
forçando a existência, em plena civilização, de verdadeiros infernos,
e desvirtuando, por humana fatalidade, um destino por natureza
divino; enquanto os três problemas do século - a degradação do
homem pelo proletariado, a prostituição da mulher pela fome,
e a atrofia da criança pela ignorância - não forem resolvidos;
enquanto houver lugares onde seja possível a asfixia social; em
outras palavras, e de um ponto de vista mais amplo ainda, enquanto
sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como este não
serão inúteis".
(Victor Hugo - 1862)

Inicialmente, antes de conversar sobre o que achei da leitura dessa primeira semana, queria contextualizar um pouco o cenário da França no final do século XVIII e início do século XIX, onde a história se passa, relembrar as nossas aulas de História. 

A França, até o século XVIII, vivia sob um regime de monarquia absolutista e a sociedade estava divida em estamentos ou estados. O primeiro estamento pertencia ao clero, o segundo estamento pertencia à nobreza e o terceiro, ao resto da população. Os direitos eram vistos de acordo com o estamento no qual a pessoa estava incluída e, claro, ao primeiro e ao segundo eram conferidos vários privilégios em detrimento do terceiro. Ainda sim, os dois primeiros estamentos não possuíam nenhum dever de manter os tesouros da Nação, ou seja, os impostos recaíam apenas ao restante da população. E esta vivia na mais completa miséria. E apesar disso, a desigualdade era vista como a ordem natural das coisas, a vontade de Deus.

A Revolução Francesa (1789-1799) foi uma série de acontecimentos que visavam acabar com as regalias do clero e da nobreza e instituir um regime onde todos fossem iguais perante a lei. No entanto, apesar de trazer a igualdade formal, as pessoas mais humildes nos pós-revolução continuaram privadas dos seus direitos mais básicos, como alimentação e moradia. Hannah Arendt, em seu livro "Sobre a Revolução" retrata com muita propriedade o legado da Revolução Francesa para o mundo e, principalmente, para a França. Abaixo, transcrevo alguns trechos de seu livro para que possamos entender a situação da França pós revolução:

"A história constitucional da França, onde mesmo durante a revolução seguiu-se uma Constituição após a outra, enquanto os homens que estavam no poder não conseguiam colocar em vigor nenhuma das leis e decretos revolucionários, pode ser facilmente lida como um registro monótono ilustrando reiteradamente o que devia ter sido óbvio desde o início, a saber, que a chamada vontade de uma multidão (se for mais do que uma ficção jurídica) é por definição sempre variável, e que uma estrutura fundada sobre ela está fundada sobre areia movediça. O que salvou o Estado nacional da ruína e queda imediata foi a facilidade extraordinária com que se podia manipular e impor a vontade nacional sempre que alguém se dispusesse a tomar a si o fardo ou a glória da ditadura" (p. 215)
"Mas tal transformação não foi possível nos países afetados pela Revolução Francesa. Nessa escola, os revolucionários aprenderam que os antigos princípios inspiradores tinham sido invalidados pelas forças nuas e cruas da escassez e da necessidade, e concluíram o aprendizado plenamente convictos de que foi a própria revolução que revelou o que de fato seriam esses princípios - um monte de asneiras. Denunciar essas 'asneiras' como preconceitos pequeno-burgueses lhes era muito mais fácil porque a sociedade havia realmente monopolizado esses princípios, desvirtuando-os e convertendo-os em 'valores' (...). também teria de admitir que nenhuma revolução, nenhuma fundação de um novo corpo político, seria possível onde as massas eram oprimidas pela miséria." (p. 281-282)
Aqui não quero desmerecer a Revolução Francesa, que sem dúvida alguma, foi um marco para o ocidente e, principalmente, para a própria Franca. Porém, é certo que uma monarquia absolutista foi derrotada e, em seu lugar, implantada uma "ditadura Napoleônica". Ou seja, só ouve uma mudança na classe dominante, antes o clero e a nobreza, agora a alta burguesia. Enquanto isso, a miséria continuava...

Os Miseráveis, de Victor Hugo
Ed. Cosac Naify
Os Miseráveis se inicia em 1815, após a Batalha de Waterloo. Em alguns trechos, ainda são narrados acontecimentos do Governo dos Cem Dias de Napoleão, quando ele fugiu da Ilha de Elba, em março de 1815, e voltou para a França.

A história é narrada em terceira pessoa, por um narrador onisciente, que tudo sabe e que tudo vê, mas que nem tudo conta para a gente. Sim, a impressão que tive é que o narrador brinca com o leitor em alguns momentos. Ele não é todo isento de opinião e nos induz a pensamentos. Ele afirma que não sabe o que se passa no íntimo de seus personagens, mas ele sabe, só não nos conta... Na minha opinião, aliás, ele é, junto com a miséria, um dos personagens principais da trama.

Logo no início, somos envolvidos pela personalidade do Bispo de Digne, Charles Myriel (D. Bienvenu). O primeiro livro, aliás, é todo dedicado a ele. O narrador não poupa páginas para descrever Charles Myriel e suas ações, sua bondade, suas dúvidas e, sim, sua opinião política. O que nos faz indagar: por que Victor Hugo gastou tantas páginas com um personagem secundário como o bispo? Na minha opinião, existem alguns motivos para tal façanha: 1) para que possamos entender melhor esse personagem e, assim, compreender melhor o motivo de sua ação com Jean Valjean; 2) porque, por mais que ele apareça explicitamente no primeiro e início do segundo livro, desse primeiro tomo, ele estará implicitamente no decorrer de toda história; e 3) como uma forma de criticar o clero.

Charles Myriel é um personagem encantador, sem dúvida. Ele foi nomeado bispo de Digne por ter agradado o imperador Napoleão com apenas uma frase. Sabemos pouca coisa da sua vida antes do clero, apenas que sua família fazia parte da aristocracia parlamentar, que foi casado e que, durante a Revolução Francesa se refugiou na Itália, onde ali sua esposa veio a falecer. Quando retornou para a Franca, sabe-se que já era padre. Em Digne, vivia uma vida simples com sua irmã, a Srta. Baptistine e a criada, Mme. Maglorie.

Sua opinião política é apresentada com muita sutileza pelo narrador, principalmente no diálogo travado com o Sr. G., um homem que foi membro da Convenção Nacional, que governou a França de 1792 a 1795. Sendo condenado pela sociedade, o homem vivia recluso e já estava prestes a morrer quando recebe a visita do bispo. O diálogo travado entre os dois é muito interessante e extremamente polêmico. Depois de lermos essa conversa podemos facilmente imaginar que o bispo fosse contra a Revolução Francesa e contra Napoleão, no entanto, difícil não ser quando toda uma população continuou na mesma miséria de antes e quando as leis continuaram a só prejudicar os mais pobres...

No Livro Dois conhecemos Jean Valjean e a sua história até a saída das Gales. Ele é basicamente o produto da própria sociedade que o despreza e o ignora. Presenciamos, no início desse segundo livro, uma crítica intensa ao sistema penitenciário, que também vale para os dias atuais. Primeiro, pela condenação de Valjean ter sido desproporcional ao crime cometido. Segundo, pela mudança do personagem, a forma como ele entra e a forma que ele sai das Gales, completamente diferente, um outro homem, que só alimenta o ódio dentro si. E, por fim, ao fato de não haver ressocialização daquele ex-presidiário com a sociedade, ao contrário, ele só se sente recriminado e excluído por essa sociedade.

No entanto, o encontro com o bispo irá transformar a vida de Jean Valjean. <3 E vai ser lindo, tenho certeza.

De uma forma geral, achei lenta e arrastada a leitura do primeiro livro, porém, a leitura do segundo livro, quando o Jean Valjean aparece, achei mais fluída. Estou ansiosa pelas próximas páginas!!

Abaixo, compartilho com vocês o Diário de Leitura de outros blogs, que também estão no projeto:


Um pouco mais sobre o processo de criação de Victor Hugo você também encontra aqui.

Um beijo e até mais! ;*

09/01/2016

Lendo Tolstoi #1: Guerra e Paz

Olá lindezas!

Como informei na primeira postagem desse ano, estou participando do projeto organizado pela Tatiana Feltrin de leituras dos livros de Liev Tolstoi. Ela denominou de "Lendo Guerra e Paz", mas como o projeto não se acabará com a leitura desse livro, preferi denominar de "Lendo Tolstoi".



Infelizmente, eu não tive muito tempo de escrever no blog uma introdução do projeto, como seria o ideal, mas vamos lá... :) A ideia é que leiamos 150 páginas do livro por semana, de tal forma que na primeira semana a leitura seria até a página 157 do livro da Cosac Naify (Capítulo XVII, da Primeira Parte do Tomo 1). Na versão da Cosac, o livro é dividido em 4 Tomos e possui 2.528 páginas (já já eu explico o porquê da menção "na versão da Cosac").

Bom, inicialmente quero informar que estou uma semana atrasada no projeto e quero explicar o que aconteceu. Eu comprei o livro "Guerra e Paz", da editora Cosac Naify pela Amazon, no entanto, na época não estava disponível e o livro demorou para chegar na minha casa. Dessa forma, eu adquiri o e-book também pela Amazon para não me atrasar na leitura e confesso que foi uma das piores coisas que eu fiz.

O e-book que eu adquiri é da Editora Centaur e a tradução foi feita por Garibaldi Falcão. Eu li no e-book até o capítulo XVII, seguindo o cronograma do projeto, no entanto, quando fui olhar no livro, a diferença entre os capítulos e entre o próprio livro era imensa! Para vocês terem uma ideia, a parte que acaba no capítulo XVII do livro da Cosac vai acabar no capítulo XXI do livro da Centaur. E as diferenças não acabam por aí... O livro da Centaur contém apenas 03 tomos e eu não sei, realmente, o que fizeram com o último tomo. Porém, ao observamos a quantidade de partes, verificamos que na Centaur possui 17 e um Epílogo, enquanto a Cosac possui 15 partes e 2 Epílogos.

Fora essa questão "estrutural", que me fez ficar perdida, há também diferenças gritantes quanto a tradução das duas edições. Desde já eu informo que eu não sou especialista em traduções, principalmente em se tratando de russo, então a minha opinião aqui é expressa apenas como leitora.

O "Guerra e Paz" da Editora Centaur foi traduzido por um português chamado José Garibaldi Viegas Falcão, já falecido em 1944. Pesquisando no Google, vi comentários de que ele é famoso por traduzir grandes obras, como Victor Hugo e Tolstoi. Ele traduziu o texto para o português de Portugal e, ao que me parece, essa tradução não é direta do russo, mas sim do francês (mas, aqui, é só uma impressão que tive, gente, se alguém tiver alguma informação em contrário, favor, colocar aqui). Ainda sim, ele traduziu os nomes das personagens da obra (o que eu não acho legal...) e traduziu as expressões em francês.

Por outro lado, o "Guerra e Paz" da Editora Cosac Naify foi traduzido por Rubens Figueiredo, diretamente do russo. Ele já havia traduzido "Anna Kariênina" e, devido ao "sucesso" daquela tradução, foi convidado para traduzir essa obra também. Abaixo, o Rubens fala um pouco sobre a sua experiência em traduzir esse livro:



Como eu disse, eu não sou especialista em traduções, principalmente quando se trata de traduzir uma obra russa. Mas, falando enquanto leitora, é latente a diferença entre as duas obras e, principalmente, o quanto a edição da Cosac Naify se sobressaí em relação a outra editora. Desta feita, tive que voltar a leitura desde o início da edição da Cosac, motivo pelo qual me atrasei um pouco.

Então, depois dessa "introdução", vamos ao que interessa... :)

# "Guerra e Paz": Até a página 157 (Capítulo XVII, da Primeira Parte do Tomo 1 - Cosac Naify)



Logo nos primeiros capítulos, percebemos que "Guerra e Paz" não é um livro com um ou dois personagens principais, mais vários. Aliás, até ousaria dizer que a personagem principal do enredo é a Rússia do início do século XX. Como nos informa Rubens Figueiredo na apresentação do livro "os personagens são encarados não só no plano pessoal e familiar, mas também em função da maneira como viam Napoleão e a posição da Rússia no mundo".

A história se inicia em julho de 1805 (antes da famosa batalha de Austerlitz) e nos mostra uma sociedade altamente dividida entre os russos e os franceses. Napoleão já possuía um certo domínio sobre a Rússia e a influência do francês já era tanta sobre os russos, que se misturava na própria linguagem. Aliás, o livro apresenta a tradução do russo, no entanto, as parte em francês são mantidas pelo tradutor, porém, como o Rubens Figueiredo é muito bacanudo, ele traduziu as partes em francês nas notas de rodapé e a vida fica muito mais fácil pra gente. <3 Na tradução do Garibaldi Falcão, ele traduziu tanto o russo quanto o francês.

Inicialmente, presenciamos uma reunião em Petersburgo, na casa de Anna Pávlovna Scherer, uma dama de honra, solteira e favorita da imperatriz Maria Fiódorovna. Para essa reunião, ela convida pessoas da alta sociedade petersburguesa e já percebemos a posição de alguns personagens sobre Napoleão. Aliás, achei super engraçada a parte em que a Anna Pávlovna fica meio que de olho no Pierre, com medo de que ele falasse alguma inconveniência ou fizesse alguma besteira.

Na verdade, o personagem que mais me encantou e que eu achei bem engraçado é o Pierre. Ele é descrito como um jovem gordo, meio desajeitado, filho bastardo (e preferido) do conde Bezúkhov, mas que apronta tudo o que ele pode, e o que é mais engraçado nele é esse jeito meio desajeitado, de não saber se comportar em certas situações formais, principalmente diante da alta sociedade.

Outra personagem que me encantou foi a princesa Anna Mikháilovna Drubetskaia, por sua força em ir atrás de tudo o que ela quer.

Nessas 150 primeiras páginas também conhecemos o núcleo de Moscou, na festa na casa dos Rostóv. Tanto a matriarca dessa família quanto sua filha caçula, as duas chamadas Natália, fazem aniversário nesse dia. Na verdade, o tradutor explicou esse ponto numa nota de rodapé informando o seguinte: "Os russos recebiam o nome de um santo, e o dia desse santo, no calendário da Igreja Ortodoxa, era comemorado como o aniversário da pessoa. Chama-se santo onomástico".

Essa primeira parte foi basicamente para nos familiarizarmos com as personagens e famílias, tanto no núcleo de Petersburgo, quanto de Moscou. Enfim, percebemos que esse livro não retrata apenas os homens que vão para a guerra, mas tem a presença também de mulheres fortes. O livro é muito gostoso de se ler, mas acho que sou um pouco suspeita para falar nisso, porque sempre gostei da literatura russa justamente por sua linguagem.

Um beijo e até mais! ;*

04/01/2016

Para 2016

Feliz 2016, pessoas!

Cá estou eu (provavelmente, um pouco atrasada) para fazer uma avaliação das minhas leituras em 2015 e falar sobre o que eu estou planejando para 2016.

Em 2015 li quase a mesma quantidade de livros que li em 2014, por mais que a minha intenção não fosse ler tanto assim. Por outro lado, creio que os livros que li foram de maior "qualidade", ainda que tal critério seja estritamente subjetivo. Eu li de tudo: desde romance histórico, como a série que li da Lisa Kleypas, até terror, como o clássico "O Exorcista". Além disso, passei a incrementar as HQ's e mangás às minhas leituras, o que tem sido bem divertido.

2015 também foi o ano em que eu tive a minha primeira ressaca literária, o que me fez parar de ler por mais de um mês. Foi f***, mas também aprendi a controlar mais o meu ritmo.

Bom, não sei se tem O melhor livro que li em 2015, pois li grandes e excelentes livros. Mas, com certeza, a quadrilogia "Divergente" foi uma grande decepção e está no rol dos piores livros que li na vida. E, sinceramente, o último livro intitulado "Quatro" é totalmente dispensável. Portanto, car@ leitor@, não sei deixe enganar por essas propagandas de editoras que vendem o livro na base de ilusões.

Agora, listar os livros bons-excelentes-maravilhosos que li é uma tarefa difícil, de tal modo, que terei que listá-los por ordem cronológica de leitura, uma vez que não existe um melhor dentre eles:



Uma coisa boa é que li livros de escritores da nova geração nacional e fiquei feliz por estarem escrevendo bons livros. Aliás, a qualidade é tanta que fiquei impressionada. Não que os escritores brasileiros não escrevam coisas boas, ao contrário, a produção nacional é belíssima. Mas, por serem "primeiros livros", é impressionante a qualidade e maturidade na escrita desses três. Por isso, eles são mais que indicados aqui no meu blog e sempre serão bem vindos. O primeiro que li foi "Em Janeiro", do Caio Bersot (esse já tem opinião no blog, é só clicar aqui). Os outros dois são: "Ovelha: Memórias de um Pastor Gay", do Gustavo Magnani (portal Literatortura) e "Sorriso da Hiena", do Gustavo Ávila. Em breve, escrevei sobre os dois últimos aqui no blog.

Para fechar um pouco dessa análise de 2015, é com muita tristeza que falo que alguns livros deixei pelo meio do caminho. Sabe aqueles momentos em que você lê um livro mas percebe que ele não apareceu em nossa vida no momento certo? Pois bem, acho que foi isso que aconteceu com esses livros. Para não aumentar a minha vergonha, não quero listá-los por cá, mas apenas falar de dois, cuja leitura retomarei em 2016, quais sejam: "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, e "Anna Kariênina", de Liev Tolstoi. São clássicos da literatura brasileira e russa e que, com certeza, serão retomados esse ano, espero que ainda no primeiro semestre.

E o que nos aguarda em 2016?

Um futuro de muitos clássicos pela frente. Lembrando aquele ditado "A vida é muito curta para ler livros ruins"... Pois bem, esse ano será o ano dos calhamaços, people! E, com isso, provavelmente a minha lista de livros será bem menor do que nos anos anteriores, o que não faz mal, pois o que importa é a qualidade e não a quantidade. ;)

Olha só, para início de conversa, informo a vocês que me meti em duas "grandes enrascadas". Primeiro, entrei no projeto da Tatiana Feltrin de leitura dos livros do Liev Tolstoi, a começar pelo imenso "Guerra e Paz". Se você quer saber mais sobre o projeto, o link está bem aqui. Eu pretendo ir conversando com vocês sobre esse livro aqui no blog semanalmente e a hashtag que irei usar para o projeto é #LendoTolstoi. No entanto, não satisfeita, eu também resolvi participar do Projeto de Leitura Coletiva #LendoOsMiseraveis, promovido pelos blogs Livro&Café e Subindo o Telhado, onde provavelmente leremos esse clássico do Victor Hugo até início de abril. Sobre este projeto, também pretendo fazer postagens semanais aqui no blog. Vamos na fé!!

Ainda sim, eu meio que escolhi 12 livros que, com toda certeza, lerei esse ano, sendo cada livro correspondente a um mês. O livro do mês de janeiro já comecei (in love com Capote! <3). Os livros escolhidos são os seguintes:

#12 Livros para 2016:

- Janeiro: A Sangue Frio, de Truman Capote
- Fevereiro: Ilíada, de Homero
- Março: Tirante O Branco, de Joanot Martorell
- Abril: As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley
- Maio: Ulisses, de James Joyce
- Junho: Doutor Fausto, de Thomas Mann
- Julho: Odisseia, de Homero
- Agosto: E O Vento Levou, de Margaret Mitchell
- Setembro: Os Irmãos Karamazov, de Fíodor Dostoiévski
- Outubro: O Cemitério, de Stephen King
- Novembro: Eneida, de Virgílio
- Dezembro: O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas

Será que conseguirei sobreviver? Hahaha! 

A ideia de ler grandes (literalmente) clássicos e poucos livros é porque esse ano terei que me dedicar mais aos estudos, portanto, lerei bem menos. Também sei que devo aqui muitas opiniões sobre livros e espero colocar tudo isso em dia... algumas ideias fervilham na minha mente, mas preciso de tempo para colocá-las em prática.

Obrigada pela sua companhia e paciência em 2015! Um 2016 cheio de excelentes leituras!

Um beijo e até mais! ;*

20/12/2015

"O Rei do Inverno - As Crônicas de Artur vol. 01", de Bernard Conrwell


Terminei ontem de ler "O Rei do Inverno", o primeiro livro da trilogia das Crônicas do Rei Artur, escrita por Bernard Cornwell. Quando terminar de ler os três livros, farei uma análise dos mesmos aqui no blog, mas antes vou tecer três comentários a respeito d'O Rei do Inverno:

1) Impressionante a semelhança desse primeiro livro da trilogia com As Crônicas de Gelo e Fogo, de George Martin. O que dá para perceber que, de certa forma, Martin bebeu um pouco na fonte do Bernard Cornwell, ou não, pois os primeiros livros das duas Crônicas são contemporâneos: "O Rei do Inverno" foi publicado em 1995 e "Guerra dos Tronos", em 1996. De qualquer forma, todas as duas crônicas são excelentes e, de certa forma, semelhantes entre si! 

2) O livro é contado a partir da perspectiva de Derfel (leia-se: Dervel), que foi um soldado de Artur. Portanto, toda a história é contada sob o ponto de vista desse narrador e, como nem sempre ele está ao lado de Artur, este nem sempre está em evidência no enredo. Aliás, para a ansiedade do leitor, o Artur demora um pouco para aparecer realmente na história, o que aguça ainda mais a nossa curiosidade. Então, para mim, houveram pontos em que a história ficou meio tediosa, porque eu queria muito saber onde Artur estava, o que ele estava fazendo, etc, e nem sempre tínhamos essa informação. Por outro lado, eu não acho que a escolha do narrador tenha sido errada, muito pelo contrário. 

3) E é aqui é que chegamos no terceiro ponto. É evidente nessa história um quanto um narrador é importante para construir ou desconstruir a imagem de uma personagem no livro. Verificamos isso no caso de Artur e Lancelot. Como Artur é muito querido pelo narrador, temos uma imagem muito positiva dele  (mesmo quando ele faz uma grande burrada no meio da história). Já Lancelot... 

Em breve, espero começar o segundo livro da trilogia, "O Inimigo de Deus".

P.S.: O personagem que mais adorei foi Merlin! Gente, ele é sensacional! 

Um beijo e até mais!  ;*

10/12/2015

Sobre a minha "ressaca literária"


Pois bem, acontece. 

Qualquer um(a) que seja apaixonado(a) por leitura corre o risco de ter essa "crise". E ela aparece quando a gente menos espera.

Alguns dizem que ela é causada após um ritmo intenso de leitura. Outros, dizem que ela pode acontecer após a leitura de um livro muito difícil... Enfim, creio que as causas são as mais diversas possíveis.

Comigo, creio que foi uma mistura das duas coisas. Porque, de fato, meu ritmo de leitura esse ano tem sido superior ao do ano passado. Poderia, se quisesse, chegar ao final do ano com setenta livros lidos, por exemplo. No entanto, no meio do caminho tinha João Guimarães Rosa, com o seu "Grande Sertão: Veredas". Sem dúvida, uma grande clássico da leitura mundial. Mas um livro denso, complicado... Tive que, de fato, deixá-lo no meio do caminho, sem, no entanto, desistir dele.

E depois dessa leitura e de um ritmo "frenético" de leituras, tive uma baita ressaca literária. Não conseguia ler nada. Os livros me deixavam muito entediada. Tentei todas as possibilidades da minha estante e nada funcionou. Então, dei tempo ao tempo. Vi alguns vídeos no YouTube, li algumas resenhas, mas descansei minha mente.

E, depois de um pouco mais de um mês de "crise", consegui voltar ao meu ritmo normal de leituras. Ufa!!! E voltei com gosto! Já li um grande clássico do terror (O Exorcista) e estou iniciando minha saga pelas crônicas de Artur. <3

Creio que é bom passar por essas crises mas, melhor ainda, é sair delas. Faz a gente refletir um pouco sobre o que lemos e o ritmo que lemos. Para você, que está nessa situação chata, fique tranquilo. Descanse. Aproveite para fazer outras coisas que você gosta. Quando você menos esperar, ela vai embora. Um dia ela sempre vai. =)

Um beijo!
Até mais!
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