20/12/2015

"O Rei do Inverno - As Crônicas de Artur vol. 01", de Bernard Conrwell


Terminei ontem de ler "O Rei do Inverno", o primeiro livro da trilogia das Crônicas do Rei Artur, escrita por Bernard Cornwell. Quando terminar de ler os três livros, farei uma análise dos mesmos aqui no blog, mas antes vou tecer três comentários a respeito d'O Rei do Inverno:

1) Impressionante a semelhança desse primeiro livro da trilogia com As Crônicas de Gelo e Fogo, de George Martin. O que dá para perceber que, de certa forma, Martin bebeu um pouco na fonte do Bernard Cornwell, ou não, pois os primeiros livros das duas Crônicas são contemporâneos: "O Rei do Inverno" foi publicado em 1995 e "Guerra dos Tronos", em 1996. De qualquer forma, todas as duas crônicas são excelentes e, de certa forma, semelhantes entre si! 

2) O livro é contado a partir da perspectiva de Derfel (leia-se: Dervel), que foi um soldado de Artur. Portanto, toda a história é contada sob o ponto de vista desse narrador e, como nem sempre ele está ao lado de Artur, este nem sempre está em evidência no enredo. Aliás, para a ansiedade do leitor, o Artur demora um pouco para aparecer realmente na história, o que aguça ainda mais a nossa curiosidade. Então, para mim, houveram pontos em que a história ficou meio tediosa, porque eu queria muito saber onde Artur estava, o que ele estava fazendo, etc, e nem sempre tínhamos essa informação. Por outro lado, eu não acho que a escolha do narrador tenha sido errada, muito pelo contrário. 

3) E é aqui é que chegamos no terceiro ponto. É evidente nessa história um quanto um narrador é importante para construir ou desconstruir a imagem de uma personagem no livro. Verificamos isso no caso de Artur e Lancelot. Como Artur é muito querido pelo narrador, temos uma imagem muito positiva dele  (mesmo quando ele faz uma grande burrada no meio da história). Já Lancelot... 

Em breve, espero começar o segundo livro da trilogia, "O Inimigo de Deus".

P.S.: O personagem que mais adorei foi Merlin! Gente, ele é sensacional! 

Um beijo e até mais!  ;*

10/12/2015

Sobre a minha "ressaca literária"


Pois bem, acontece. 

Qualquer um(a) que seja apaixonado(a) por leitura corre o risco de ter essa "crise". E ela aparece quando a gente menos espera.

Alguns dizem que ela é causada após um ritmo intenso de leitura. Outros, dizem que ela pode acontecer após a leitura de um livro muito difícil... Enfim, creio que as causas são as mais diversas possíveis.

Comigo, creio que foi uma mistura das duas coisas. Porque, de fato, meu ritmo de leitura esse ano tem sido superior ao do ano passado. Poderia, se quisesse, chegar ao final do ano com setenta livros lidos, por exemplo. No entanto, no meio do caminho tinha João Guimarães Rosa, com o seu "Grande Sertão: Veredas". Sem dúvida, uma grande clássico da leitura mundial. Mas um livro denso, complicado... Tive que, de fato, deixá-lo no meio do caminho, sem, no entanto, desistir dele.

E depois dessa leitura e de um ritmo "frenético" de leituras, tive uma baita ressaca literária. Não conseguia ler nada. Os livros me deixavam muito entediada. Tentei todas as possibilidades da minha estante e nada funcionou. Então, dei tempo ao tempo. Vi alguns vídeos no YouTube, li algumas resenhas, mas descansei minha mente.

E, depois de um pouco mais de um mês de "crise", consegui voltar ao meu ritmo normal de leituras. Ufa!!! E voltei com gosto! Já li um grande clássico do terror (O Exorcista) e estou iniciando minha saga pelas crônicas de Artur. <3

Creio que é bom passar por essas crises mas, melhor ainda, é sair delas. Faz a gente refletir um pouco sobre o que lemos e o ritmo que lemos. Para você, que está nessa situação chata, fique tranquilo. Descanse. Aproveite para fazer outras coisas que você gosta. Quando você menos esperar, ela vai embora. Um dia ela sempre vai. =)

Um beijo!
Até mais!

11/10/2015

"Vidas Secas", de Graciliano Ramos


Sinopse do livro aqui.

1. "Vidas Secas" é uma das obras mais conhecidas e a mais traduzida para outros idiomas de Graciliano Ramos. Publicada em 1938, ela faz parte da geração do modernismo no Brasil.

2. Em linhas gerais, a obra trata de uma família nordestina que está perambulando pelo sertão, buscando a sua sobrevivência. Essa família é composta por Fabiano, Sinha Vitória, o menino mais novo, o menino mais velho e a cadela Baleia. Eles chegam a uma casa "abandonada" e lá resolvem ficar, porém, logo depois, descobrem que essa casa pertence a uma terceira pessoa e, para que eles fiquem lá, terão que trabalhar para essa pessoa, que Fabiano chama apenas de "patrão".

3. Pois bem, a narrativa do livro se passa, quase toda, enquanto eles residem nessa fazenda e vamos acompanhar, no decorrer do enredo, o olhar interiorizado do escritor sobre as personagens, seus sonhos, seus conflitos e seus medos. Frise-se que o fato de cada personagem expressar o seu ponto de vista é uma característica importante nessa obra. A cada capítulo muda a perspectiva, de tal forma que as opiniões nunca são impostas pelo narrador, elas decorrem de cada personagem. O outro sempre está em perspectiva, nunca o eu.

4. O livro é composto por treze capítulos, sendo cada capítulo autônomo em relação ao outro, motivo pelo qual tal romance é classificado como "desmontável". Porém, apesar dessa autonomia, existe uma ordem cronológica nos acontecimentos, motivo pelo qual recomendo que o mesmo seja lido do início ao fim. Mas, claro, isso é uma opção do leitor.

5. Essa história poderia ser de Fabiano como de qualquer outro nordestino. E poderia ser no período do Estado Novo como de qualquer outra época. Apesar de atualmente a situação do Nordeste ter melhorado um pouco devido aos programas sociais de abastecimento de água, energia e de distribuição de renda, sabemos como ainda é difícil a situação das pessoas que ainda lidam com a seca e a pobreza iminente. Frise-se que até o final da década de noventa do século passado e início desse século, era constante a migração de nordestinos para as grandes cidades e grandes estados. Então, Graciliano Ramos, com grande sabedoria, não escreve apenas uma ficção, mas uma realidade, infelizmente abandonada até hoje pela classe política.

6. Um dos aspectos mais interessantes nessa obra literária e que sempre é comentada por quem quer que fale sobre ela é a privação da palavra. As personagens são analfabetas, não tiveram acesso à educação e, portanto, nunca tiveram oportunidade de aprender a palavra. Essa "ignorância" é passada dos pais para os filhos. Uma passagem interessante do livro é quando o menino mais velho quer saber o que significa "inferno". Ele achava a palavra tão bonita e não conseguia entender porque a mãe falava que era um lugar ruim: "Não acreditava que um nome tão bonito servisse para designar coisa ruim. E resolvera discutir com sinha Vitória. Se ela houvesse dito que tinha ido ao inferno, bem. Sinha Vitória impunha-se, autoridade visível e poderosa. Se houvesse feito menção de qualquer autoridade invisível e mais poderosa, muito bem. Mas tentara convencê-lo dando-lhe um cocorote, e isto lhe parecia absurdo." (p. 59). A falta de conhecimento sobre a palavra também priva as personagens de manterem contato com outras pessoas e de expressarem os seus sentimentos. Eles têm conhecimento apenas do básico para a comunicação, o que limita o mundo em que vivem. "Como podiam os homens guardar tantas palavras? Era impossível, ninguém conservaria tão grande soma de conhecimento" (p. 82). O mundo em que viviam era tão pequeno e pobre, que só conheciam o seu Tomás que sabia ler, ou melhor, que gastava a vista lendo demais, mas não sabia mandar era muito cortês, o que era estranho para alguém que tinha tanto conhecimento. Mas, apesar de tanta cortesia, sabia que todos obedeciam ao senhor Tomás. Fabiano ás vezes o imitava falando palavras difíceis, no entanto, achava uma grande tolice, pois entendia que um homem como ele não tinha nascido para falar certo.


7. Fabiano e família vivem praticamente isolados na fazenda. Apenas em dois capítulos há a narração da ida deles para a cidade. No primeiro, Fabiano vai sozinho à cidade comprar alguns mantimentos para sinha Vitória. Lá acaba se esbarrando com um soldado amarelo e, no final das contas, acaba sendo preso por esse soldado. Em um segundo momento, a família vai para a festa de Natal da cidade. NessAs duas situações, percebemos claramente o quanto a privação da palavra é um obstáculo para a comunicação desses sujeitos com a sociedade. Quando Fabiano é preso ele simplesmente não sabe expressar o motivo pelo qual ele está preso e, entende, por fim, que ele está preso justamente por não saber se expressar. Na ida da família para a cidade, no Natal, ocorre a mesma coisa: a dificuldade na comunicação acaba por isolá-los da companhia das outras pessoas, uma vez que, se a linguagem é o mundo, eles não entendem o mundo.

8. Uma das personagens mais interessantes do livro é a cadelinha Baleia. Baleia é membro da família e personagem ativa no livro. Ela pensa, opina, sonha, delira e cria juízo de valor. Aliás, até nome ela tem, coisa que as crianças foram privadas... Isso é considerado na literatura como antropomorfização, que é a qualidade de dar características humanas à animais e coisas. A mim, Baleia me conquistou. Aliás, o capítulo de sua morte, que é de conhecimento público, é um dos mais tristes que li. A morte de Baleia não entristece apenas os leitores, mas também Fabiano, que traz o peso de ter matado a cadelinha pelo resto da história. Por outro lado, e ao revés do que ocorre com Baleia, o ser humano em "Vidas Secas" é descrito como um animal (zoomorfização): "Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, gradava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia" (p. 20).

9. O papel da mulher nessa obra também merece certo destaque. Apesar da pouca instrução, a opinião de sinha Vitória é sempre muito relevante para Fabiano. Ele a consulta sobre a educação dos menino, para que ela faça as contas do valor que ele deve receber do patrão, enfim, a relação entre os dois me parece ter um certo nível de igualdade, não identifiquei uma relação patriarcal, no sentido de só ele mandar.

10. "Vidas Secas" tem como pano de fundo a opressão que vivem os mais humildes e desprovidos de conhecimento da palavra. Após a sua prisão, Fabiano vive com a ideia na cabeça de se vingar do soldado amarelo. Seja quando está na cidade ou no seu reencontro com o soldado, tal pensamento sempre vem a sua mente. No entanto, ele prefere acomodar-se, pois, como ele mesmo pensa, governo é governo, ou seja, o soldado amarelo representa o Estado e este é o todo poderoso contra o qual Fabiano nada pode. Não obstante, Graciliano Ramos, comunista como era e inspirado pelas ideias de Marx, não poderia deixar de incluir nessa obra a relação de opressão do trabalhador. Essa relação opressora fica evidente quando Fabiano é obrigado a trabalhar para o patrão para poder ficar nas terras e na hora do pagamento, onde o patrão inventa juros exorbitantes, fazendo de Fabiano um quase devedor de seu empregador.

11. O início e o final do livro se apresentam com essa família se mudando, fugindo da seca. No entanto, a diferença é que após a seca chegar na fazenda onde estavam, eles estão com um fio de esperança e fazem planos para o futuro: querem ir atrás um lugar para morar na cidade, colocar as crianças na escola, onde terão uma profissão, e a vida será bem melhor. Percebemos o quão pequeno é o sonho dessas pessoas e até palpável para nós. Ora, o sonho da sinha Vitória é ter uma cama onde dormir! Isso ocorre porque essas pessoas não tem nada, nem o que vestir, vivem num estado de completa miséria. E o Governo, que poderia fazer tão pouco para que essas pessoas fossem minimamente felizes, não faz nada... Na minha opinião, o fato do início e fim do livro terminar com essa família fugindo da seca é muito simbólico e característico do realismo crítico de Graciliano Ramos, que é extremamente ácido. Porém, esse fio de esperança que aparece no final nos mostra que, apesar de tanta desgraça, nem tudo está perdido, a realidade pode mudar.

12. O título "Vidas Secas" não quer dizer que essas pessoas vivem apenas na seca, mas que suas vidas são secas também de direitos. A começar por elas sequer saberem que têm direitos. As personagens se colocam num estado de servidão e entendem que a vida é assim mesmo, que nasceram para apanhar, que não nasceram para aprender das letras e do mundo e que só lhes contenta ter um lugar para morar e comida para comer. Ou seja, muito pouco, sonham muito pequeno. E a gente se pergunta: mas que justiça é essa?

13. De tantos livros que eu li, não tem como não comprar este com "Vinhas da Ira", de Steinbeck. Aliás, este último foi publicado em 1939, ou seja, um ano depois da publicação da obra de Graciliano. As duas obras retratam injustiças sociais, onde as pessoas são retiradas de suas terras, migram para outra localidade, são analfabetas (mais uma vez, o problema da linguagem...), passam fome, lidam diretamente com a morte e ainda sofrem a opressão do Governo, que deveria ampará-las. Outro ponto em comum: os dois escritores foram perseguidos pelo Governo. A diferença é que a primeira se passa no Brasil e a segunda nos Estados Unidos. Mas, as realidades são as mesmas e o final dos dois livros retratam a mesma coisa: esperança.

14. Enfim, Graciliano Ramos foi e é um militante das causas sociais. Esse livro é leitura obrigatória. 


Um beijo e até mais! =*

08/09/2015

"Madame Bovary", de Gustave Flaubert

Sinopse do livro aqui.

1. “Emma Bovary c'est moi” (Emma Bovary sou eu).

2.  Madame Bovary é um clássico da literatura mundial. E isso fica mais evidente após o término da leitura. O livro é grandioso, no entanto, confesso que custei a pegar o ritmo da leitura e no início achava todo o enredo muito tedioso.

3. Antes mesmo de ler, sabia que se tratava de um caso de traição. Então, creio que isso não seja nenhum spoiler. Na realidade, o que achei mais interessante no livro não foi a traição em si, mas o desenrolar, a construção das personagens, os devaneios, as tolices e a hipocrisia de alguns. Emma é uma personagem sui generis na literatura. Uma mulher criada no campo, pequeno-burguesa e muito sonhadora, que imagina sua vida como nos romances literários. Seu sonho é encontrar um grande amor e viver tal romance intensamente. Por isso, durante a história, Emma parece lutar contra um mundo no qual ela não se sente completa. Daí porque ela procura em seus amantes essa intensa paixão, que são clichês da vida romântica. 

4. Ela conhece Charles Bovary quando este vai tratar uma fratura de seu pai. Charles era oficial de saúde na cidade de Tostes e, até então, casado com a senhora Heloise Dubuc. A impressão que temos é que ele não gostava tanto de sua esposa e, com a morte desta, acaba se afeiçoando por Emma e estes acabam se casando. Flaubert retrata este homem, a partir dos sentimentos de Emma, na seguinte frase:
"A conversa com Charles era sem relevo como uma calçada e as ideias de todo mundo nela desfilavam em seu traje comum, sem excitar emoções, riso, ou devaneio"
5. Desde o início do casamento, conseguimos perceber a felicidade de Charles e a infelicidade de Emma. E mesmo após a mudança de cidade - eles vão para Yonville e lá eles têm sua primeira e única filha, Berthe - tal situação não parece mudar muito. Aliás, a felicidade de Charles com o casamento e sua segurança em relação à esposa eram tanta, que ele não consegue perceber o sinal das traições de Emma.

6. O livro é começa sendo narrado em primeira pessoa por um sujeito indefinido que estudou com Charles na escola. Aos poucos, o narrador vai sumindo até sair de cena e dar vida própria às personagens. Aliás, apesar do livro chamar-se "Madame Bovary", o que nos faz entender ser esta a personagem principal, a sensação que tive é que ele conta a história de Charles do começo ao fim, e não da Emma.

7. O grande Henry James disse que Flaubert conseguiu uma proeza ao escrever personagens medíocres em "Madame Bovary". De fato, toda essa mediocridade é um clichê da sociedade francesa da época. Ora, ao analisarmos as personagens Emma, Charles, o farmacêutico Homais, o comerciante Lheureux, percebemos uma intensa crítica à sociedade de aparências e burguesa na França do Segundo Império.

8. Gustave Flauber  (1821-1880) prezava pela perfeição de duas obras. Tanto isso é verdade, que para escrever seus poucos livros (Madame Bovary, Educação Sentimental, Salammbo e o incompleto Bouvard e Pecuchet) ele passou anos e anos lutando com as palavras. Madame Bovary foi escrito em quatro anos e meio (1851-1856) e foi publicado em seis números da Revue de Paris, de outubro a dezembro de 1856.

9. No entanto, a publicação desse romance teve problemas com a justiça francesa e Flaubert teve que responder a um processo no qual obteve uma sentença positiva da justiça. Quando a história foi publicada em formato de livro, o sucesso foi imenso. A "cena do fiacre", onde não há nenhum diálogo, apenas um fiacre andando pelas ruas de Rouen, com Emma Bovary e o jovem Leon lá dentro, ganhou grande repercussão, por ser "escandalosa". Atualmente, Madame Bovary não causa mais escândalo e se consagrou como um dos maiores romances da literatura mundial, com o seu realismo moderno.

10. O livro não é um dos meus preferidos da vida, no entanto, confesso que ele é muito bom. Ele não se tornou um dos preferidos porque, como disse antes, custei a pegar o ritmo da leitura. A narrativa dos devaneios de Emma ou da paisagem de determinado local se tornaram um pouco cansativas. No entanto, tal "cansaço" é recompensado a posteriore, no final da segunda parte em diante. 

11. Então é isso, fica aqui a dica de um livro espetacular, uma leitura obrigatória, por ser um grande clássico da literatura mundial. 

Boa leitura!

16/08/2015

Diário de Leitura #3: Término de "Madame Bovary" e retomada da saga pelo sertão

Olá pessoas! ☺

Estou retomando meu projetinho de escrever um Diário de Leitura aqui no blog. Já escrevi outros dois, que vocês podem acompanhar no marcador "Diário de Leitura".

08 a 12 de agosto:

Bom, na semana retrasada fixei uma meta de finalizar "Madame Bovary", de Gustave Flauber e consegui finalizar o livro na última quarta-feira. Em breve, falarei melhor sobre o livro aqui no blog, mas sinceramente, achei fantástico, apesar do livro não ter entrado nos meus favoritos da vida. Isso porque achei a narrativa um pouco enfadonha em alguns momentos, principalmente na primeira parte do livro. No entanto, no final da segunda e terceira parte os acontecimentos ocorrem num ritmo um pouco (vejam bem, um pouco) mais acelerado. Não sei quem já leu, mas me deu uma pena do Charles Bovary...

13 de agosto:
Grande Sertão: Veredas: pgs. 40 a 50.

- Retomei "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa. Eu tento, tento, mas não tem jeito, não consigo ler vários livros ao mesmo tempo! Hahaha! De forma que estou lendo agora APENAS essa obra prima de Rosa.
- Gente, e essa relação de Riobaldo e Diadorim? Meio complexa, vocês não acham? Transita entre uma relação homoafetiva e uma grande amizade... Vamos acompanhar...
"Relembro Diadorim. Minha mulher que não me ouça. Moço: toda saudade é uma espécie de velhice".
- Identifiquei-me um pouco quando Riobaldo fala que não teve pai. E achei bem mais interessante sua narrativa sobre os homens que mudam de lugar muito facilmente. Por conta das secas, muitos sertanejos mudavam de lugar à procura de água e trabalho. E pelo caminho, constituíam muitas famílias. Isso era uma realidade mesmo do grande sertão. Guimarães Rosa era um sábio social.
- Nesse trecho percebi a presença de Medeiros Vaz e sua tropa de jagunços, os "medeiro-vazes" (p. 45). Também conhecemos um pouquinho do Joca Ramiro.
- Ida para o sul da Bahia... Triste travessia.
"Viver é muito perigoso"

14 de agosto:
Grande Sertão: Veredas: pgs. 51 a 59.

Travessia pelo sertão da Bahia e retorno.
"Fui fogo, depois de ser cinza" (p. 56)
15 de agosto:
Grande Sertão: Veredas: pgs. 60 a 100.

- Foi o dia em que li mais. A leitura está sendo mais fluída, acho que a gente começa a se acostumar com o linguagem do sertanejo. Tenho lido em voz alta e isso facilita demais a compreensão.
- Para os jagunços, a morte é algo corriqueiro, que faz parte da vida. Dessa forma, percebemos na narrativa que não há grande comoção quando alguém morre, uma vez que já é algo do seu cotidiano. Uma coisa tão certa quanto o viver.
"O real não está na saída nem na chegada: ele dispõe pra gente é no meio da travessia" (p. 64)
"Qual o caminho certo da gente? Nem para a frente nem pra trás: só para cima".

- Não quero fazer spoiler, mas alguém inesperado aparece e, enfim, muda o jogo para aquele grupo de jagunços, no qual Riobaldo faz parte.

"Vingar, digo ao senhor: é lamber, frio, o que o outro cozinhou quente demais" (p. 94)


26/07/2015

"Anjo da Escuridão", de Sidney Sheldon e Tilly Bagshawe

Editora: Record
Páginas: 398
Tradução: Michele Gerhardt Macculloch
Sinopse do livro aqui.

1. Esse foi o primeiro livro lido por mim de Sidney Sheldon. Quer dizer, não podemos dizer que o livro foi escrito totalmente por ele. Esse é mais um dos livros não acabados de Sidney. E, assim como ocorreu com "A Senhora do Jogo", "Depois da Escuridão" e "Sombras de um Verão", a família Sheldon convidou uma discípula para finalizar as obras, no caso, a Tilly Bagshawe. Dessa forma, não poderei tecer comentários sobre se o livro seguiu a linha de Sidney e nem compará-lo com suas outras obras.

2. No entanto, li como uma leitora que adora livros de suspense e, sinceramente, não gostei. E acho que essa minha opinião é um pouco isolada, pois li vários comentários no Skoob de pessoas que adoraram o livro. 

3. A história inicia com um assassinato cruel em Los Angeles de um milionário morto brutalmente e sua esposa é espancada, estuprada e amarrada ao corpo do marido. Acompanha o caso o detetive Danny McGuire, no entanto, toda a investigação é considerada infrutífera e o caso arquivado. Além disso, a esposa desaparece e doa sua herança para uma instituição que cuida de crianças.

4. Após alguns anos, Danny McGuire passa a trabalhar na Interpol, na França, e é procurado por Matt Daley, que alega ser o filho da vítima do assassinato cruel em Los Angeles. Daley afirma está fazendo um documentário sobre o caso e apresenta outros casos que contém certa semelhança com o primeiro assassinato, reavivando em Danny a perspectiva de acompanhar a série de assassinatos.

5. Bom, o livro é do gênero suspense e eu adoro livros assim. No entanto, logo no início do livro fui ficando meio entediada com a história e me arrastando em seu enredo. Acho que a parte que mais me empolgou foi o julgamento, depois que eles descobrem quem realmente estava por trás de todos os casos, no entanto, até com essa parte achei um pouco "piegas".

6. Li um comentário aqui falando que a Tilly Bagshawe não chega nem aos pés dos casos do próprio Sidney Sheldon. Como disse antes, sobre isso infelizmente não poderei tecer comentários. Mas, o fato é que o livro não me empolgou muito. Até o fato de Matt Daley ter ficado completamente apaixonado por uma das vítimas foi extremamente exagerado, na minha opinião. Ainda sim, desde o início fica na cara quem são os verdadeiros culpados pelo assassinato em série, o que, na minha opinião, é muito ruim para um livro de suspense. Enfim, quem quiser ler, acho que vale a pena cada pessoa tirar suas conclusões.

7. Preciso ler outros livros de Sidney, escritos por ele mesmo.

Boa leitura! ;*

20/07/2015

Fériasssss!!

A blogueira que vos escreve estará temporariamente fora do ar, devido às suas férias!

Mas, daqui a alguns dias nos veremos novamente.

Um grande beijo!

10/07/2015

"O Sol é Para Todos", de Harper Lee

Editora: Jose Olympio
Páginas: 364
Tradução: Beatriz Horta
Veja a sinopse aqui.

"Os advogados, suponho, um dia foram crianças" (Charles Lamb)

1. Gente, que livro lindo! Li "O Sol é Para Todos", devido à leitura coletiva que a Mell Ferraz, do canal Literature-se, propôs em seu canal. Acho que foi uma das melhores experiências literárias que tive esse ano e o livro entrou fácil para os melhores que já li na vida.

2. Inicialmente, vamos falar um pouco sobre a escritora, Harper Lee. Ela nasceu em 1926, no Alabama (sul dos Estados Unidos) e um de seus melhores amigos de infância e da vida foi o Truman Capote. Ela só publicou esse livro (até agora!), que, por sinal,  fez mais sucesso que toda a obra de Capote. Engraçado, né? O que nos faz pensar: melhor a qualidade da obra do que a quantidade de publicações no currículo de um artista. 

3. Há pouco tempo atrás, Harper, que vive numa casa de repouso, anunciou que haveria uma continuação do livro "O Sol é para Todos", com a mesma protagonista, só que 20 anos mais velha. Sua estreia ocorrerá no próximo 14 de julho e seu nome é "Go Set a Whatchman", que ainda não tem título em português (ou, pelo menos, eu ainda não sei). A tradução literal seria "Arrume um Vigia". Esse novo romance foi escrito antes de "O Sol é Para Todos" e foi concluído em 1950, no entanto, os editores da época convenceram Lee de escrever o livro na perspectiva da Scout ainda pequena. Devido à publicação dessa sequência, a editora José Olympio (grupo Editorial Record) resolveu relançar "O Sol é Para Todos", já que havia muitos anos que o livro não era mais vendido.

4. "O Sol é Para Todos" tem como título original "To Kill a Mockingbird", cuja tradução literal seria "Não Mate a Cotovia". Na realidade, mockingbird é um pássaro que não existe no Brasil, apenas nos Estados Unidos (aliás, o rapper Eminem tem uma música muito linda cujo título é o nome desse pássaro). Esse livro é um clássico nos Estados Unidos e leitura quase obrigatória nas escolas. É quase comparado aos livros de Machado de Assis aqui no Brasil (acho...). Além disso, esse livro ganhou o Prêmio Pulitzer.

5. O livro foi publicado em 1960, porém, a história se passa na década de 1930, numa pequena cidade (ou condado), chamado Maycomb, que fica no Alabama (abaixo, consta o mapa que encontrei da cidade na história, muito legal!). Temos ao menos conhecimento de como era forte e considerada até natural a segregação entre negros e brancos, principalmente ao sul do país, até meados nos anos 1980. Nesse livro, a temática do racismo é bem evidente e o centro da história.  Além do racismo, esse livro aborda outros temas, como amadurecimento de crianças, justiça, coragem e esperança.


6. O livro é narrado pela Scout (Jean Louise) e toda a narrativa do livro se passa quando ela tinha entre 6 e 8 anos. Scout tem um irmão mais velho, Jem, que é seu grande parceiro de aventuras. A mãe da Scout faleceu quando ela tinha 02 anos e ela foi criada pelo seu pai, Atticus, e pela Calpúrnia, uma negra que trabalha na casa como cozinheira e babá das crianças. Atticus é um advogado muito conhecido na cidade, não só pelo seu trabalho, mas por vir de uma família tradicional, e por isso é um homem muito ocupado. Dessa forma, coube à Calpúrnia a educação de Jem e Scout, de forma que ela é muito querida por eles e considerada um membro da família, o que era raro naquela época, tendo em vista a condição dos negros.

7. A história é narrada em duas partes. Na primeira, Scout e Jem conhecem Dill (o nome completo dele é Charles Backer Harris), um menino muito pequenino que passa as férias na casa da tia, nos verões. Os três acabam por se tornar muito amigos, de tal forma que a chegada das férias de verão é sempre muito aguardada pelos dois irmãos. Os três aprontam muito e a missão principal deles é ver um vizinho que vive recluso em sua residência, chamado Arthur (Boo) Radley. Nesse momento, me lembrei muito das minhas traquinagens como criança e acho que uma hora ou outra o leitor irá se identificar também.

8. Na segunda parte, temos a parte densa da narrativa. Sabemos que um negro da cidade, chamado Tom Robinson, é acusado de estuprar uma menina branca, mas de uma família muito pobre, do condado. Atticus é designado pelo juiz para ser o defensor de Tom e, com isso, aquela pequena família passa a se tornar alvo de todo o preconceito daquela sociedade, afinal "Atticus estaria traindo a sua raça". Atticus é um homem brilhante e de uma humanidade ímpar. Suas justificativas para a defesa do caso e tudo o que ele faz para inocentar Tom são atos que dificilmente encontramos hoje na humanidade.
"O caso de Tom Robinson é algo que concerne ao âmago da consciência humana. Scout, eu não poderia ir à igreja e louvar à Deus se não tentasse ajudar esse homem".
9. Fica claro para quem lê, que Tom é vítima do preconceito daquela sociedade e a família de Atticus também. Na realidade, Tom já é considerado um homem morto a partir do momento que a família Ewell abriu a boca. Boo Radley, de certa forma, também é uma vítima dessa sociedade, porém, numa perspectiva um pouco diversa. Enquanto aquele sofre os preconceitos raciais, este sofre com a hipocrisia, preferindo, então, se manter recluso. Dessa forma, os dois são os "mockingbird" da história, os passarinhos que sofrem com a matança desgovernada dos caçadores. Percebemos, no decorrer da história, algumas figuras de linguagem que expressam muito sobre o texto, e que é importante que você leia para entender do que eu estou falando.
Comparou a morte de Tom à matança cruel de pássaros canoros pelos caçadores e pelos meninos.
10. Há comentários de que "O Sol é Para Todos" seja um livro autobiográfico da escritora, uma vez que o seu pai também era advogado e o Dill seria o seu melhor amigo de infância, Truman Capote. Lee voltou á baila nos últimos dez anos aqui no Brasil devido ao filme "Capote" (2005), com atuação de Philip Seymour Houffman e Catherine Keener e, agora, com a espectativa do lançamento de seu novo livro.

11. Enfim, fica aqui a dica de um livro maravilhoso em todos os aspectos, com personagens incríveis que vão ensinar muita coisa para a gente. O Atticus e a Scout são dois personagens maravilhosos! Estou aguardando ansiosa o lançamento do novo livro!

Boa leitura! ;*

P.S.: Esse livro ganhou uma versão no cinema preto e branco, que ainda ganhou o Oscar. Estou querendo, muito, assistir!


28/06/2015

"Bridget Jones: Louca pelo Garoto", de Helen Fielding

Editora: Companhia das Letras
Páginas: 434
Tradução: Ana Ban, Julia Romeu
e Renato Prelorentzou
1. Estava me perguntando, antes de escrever aqui no blog, porque eu demorei TANTO para ler esse livro se já tenho ele há alguns meses na minha estante. Hahaha!

2. Quatorze anos após "Bridget Jones: No Limite da Razão", Helen Fielding nos surpreende com "Bridget Jones: Louca pelo Garoto". Aliás, por que demorou tanto Helen Fielding?

3. Gente, pra mim, Bridget Jones é uma das personagens mais queridas e engraçadas da literatura. Ela tem uma facilidade de se atrapalhar, de fazer confusão com tudo e de falar coisas inapropriadas ao momento que fica até difícil não se identificar com ela. Como sempre, dei várias gargalhadas com a nossa heroína londrina, porém me emocionei demais. Isso porque, além da tradicional comédia, Helen nos apresenta no início do livro um fato muito triste que é o pontapé inicial desse atual enredo. E me desculpe, mas aqui vaí ter spoiler do livro, então, caso você não queira saber, não leia (na verdade, nem sei realmente se ainda é spoiler, porque quase todo mundo já sabe, mesmo quem não leu).

4. Pois bem, logo no início do livro sabemos que Mark Darcy e Bridget Jones se casaram e tiveram dois filhos (Billy e Mabel). No entanto, Mark morre em 2008, quatro anos antes do início da história. Pra quem é fã mesmo da série e torceu pelo casal nos livros anteriores, como eu, isso foi bem triste. E a gente se pergunta "por que raios Helen Fielding matou o Sr. Darcy?". Mas, por outro lado, a razão de ser desse livro vem justamente do fato de que agora Bridget está solteira novamente, ainda arrasada com a morte do marido, com seus 50 anos, mãe de duas crianças lindas e numa situação financeira confortável. 

5. E o que esperar de uma mulher nos seus 50 anos? Eu não gosto muito de definir padrões, mas a gente espera, minimamente, uma mulher mais centrada. No entanto, esse não é o caso da nossa heroína, senão não estaríamos falando de Bridget Jones. Pouca coisa mudou da Bridget de 30 anos, ela continua atrapalhada, lutando contra a balança e contra os sinais da idade em seu corpo, tendo que lidar com as novas tecnologias e redes sociais  (muito hilário a sua "relação" com o Twitter e seu desespero em conseguir novos seguidores: "não consigo entender como colocar uma foto. Tem só um ovo vazio. Tudo bem! Pode ser uma foto minha antes do nascimento"), trabalhando numa adaptação de um roteiro*, revivendo as regras do namoro e tentando ser uma pessoa zen.

6. Por outro lado, percebemos uma Bridget que, apesar de atrapalhada e quase sempre atrasada, tem muita responsabilidade sobre seus filhos e os ama incondicionalmente. As cenas de afeto entre eles me emocionaram muito e a filhinha dela, a Mabel, é muito fofa e engraçada. Já o Billy é o Mark em miniatura.

7. Aqui vemos uma mulher de 50 anos se relacionar com um homem vinte anos mais novo. Achei bem legal esse ponto porque a gente consegue ter uma visão do que ambas as partes visam nesse tipo de relacionamento. E a escritora explora esse ponto de forma até perfeita, na minha concepção, e sem generalizar.

8. Aliás, faço a ressalva de que acho a Helen Fielding uma escritora brilhante. Ela é adepta daquele humor com um fundo de crítica, que me agrada. Dessa forma, mesmo que você nunca tenha lido nada de Bridget Jones, a leitura desse terceiro livro será bem tranquila e acho que você vai gostar muito. Agora, quem já leu os anteriores e gostou, esse é leitura quase obrigatória. 

9. No primeiro e segundo livros é bem marcante a influência que a escritora teve na Jane Austen**, sendo o primeiro um reconto de "Orgulho e Preconceito" é o segundo um reconto de "Persuasão". Nesse terceiro livro não temos tanto essa presença, por mais que a Jane Austen, uma hora ou outra, seja lembrada pela Bridget Jones  (assim como o Dalai Lama!).

10. Antes de escrever aqui, vi várias opiniões de pessoas que leram "Bridget Jones: Louca pelo Garoto" é percebi que muitas não gostaram muito, se comparado aos outros. A mim, e não sei bem o motivo, esse foi de longe o melhor livro da série. Depois me diga o que você achou, pois acho que essa minha opinião é meio isolada... =/ Hahaha! De qualquer forma, todos foram unânimes em reconhecer que esse é um bom livro e que merece ser lido.

11. Pois bem, em relação ao primeiro tópico, na realidade demorei para ler esse livro porque agora eu sorteio os livros que vou ler e esse ainda não tinha tido sorte de ser o escolhido. Ocorre, porém, que depois de ler "Sex and the City" me lembrei muito se Bridget Jones, portanto, resolvi ler logo esse livro. Os dois, de certa forma, abordam temas mais feministas e estou pensando em escrever exatamente sobre o dois e o feminismo... O que vocês acham? 

12. Bom, fica aqui a dica de um excelente livro, que me gerou muitas gargalhadas, mas que também me fez chorar várias vezes.

Boa leitura! ;*

* Bridget está escreve uma adaptação de "Hedda Gabler", uma tragédia de Herik Ibsen, mas que na realidade ela acha que é de Anton Tchekhov. Hahaha! Fiquei muito interessada em ler essa peça, mas só achei os livros em inglês...

** Preciso ler Jane Austen!!! Urgente! Hahaha! 

26/06/2015

"Sex and the City", de Candace Bushnell

Editora: BestBolso
Páginas: 293
Sinopse do livro aqui.

1. Estava em dúvida se escreveria ou não sobre esse livro no blog. Isso porque - e é até esquisito falar isso - não saberia dizer se gostei ou não dele.

2. Nunca assisti à série "Sex and the City", vi apenas o filme. Dessa forma, imaginava o livro um pouco diferente do que ele é, daí a minha dúvida.

3. Candace Bushnell foi modelo e atualmente é jornalista, em Nova York. Por conviver com a alta sociedade e a fama na cidade, Bushnell passou a escrever uma coluna Sex and the City no jornal The New York Observer sobre sexo, que fez tanto sucesso, que virou série no canal de televisão HBO (No Brasil; Multishow).

4. Na série e no filme, temos a perspectiva da história na visão de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), que é uma colunista de um jornal em Nova York, onde relata histórias sobre sexo e relações interpessoais entre o seu meio, que é alta sociedade artística. Além disso, ela conta sempre com suas outras três amigas: Charlotte York (Kristin Daves), Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) e Samantha Jones (Kim Catrall).

5. Mas, no livro essa perspectiva muda um pouco (por isso a minha confusão mental.. Hahaha!). A história é contada pela própria Candace Bushneel e como a mesma relata na Apresentação do livro "Não fazia ideia de como ia me virar para fazer a coluna, mas tinha certeza de que, de alguma forma, falaria de mim e de minhas amigas - um grupo de mulheres solteiras que pareciam, todas, ter passado por uma série infindável de experiências horripilantes com homens (e, às vezes, com os mesmos homens)". Ou seja, percebemos então, que Sex and the City nasceu de histórias reais, mesmo que seus personagens sejam fictícios. Não sei se Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha existem no mundo real, no entanto, elas aparecem no livro também. E sim, o enredo também se passa em Manhattan, Nova York.

6. Na realidade, o livro Sex and the City é uma compilação dos artigos escritos na coluna na escritora. Percebemos isso claramente pela mudança de tema de um capítulo para outro, apesar do mesmo seguir uma linha temporal. Vários temas perpassam pelo livro e todos envolvem sexo, drogas, fama, relacionamentos, filhos, e afins. Alguns me chamaram mais atenção que outros, por exemplo, gostei muito do artigo que fala dos pegadores de modelos, a opinião dos homens sobre o ménage a trois e uma conversa com quatro modelos de até 25 anos. O relacionamento de Carrie e Mr. Big tem um final feliz (para Carrie, claro!) e acompanhar um pouco essa relação entre os dois e o amadurecimento da Carrie foi bem legal, quase uma inspiração para algumas mulheres.

7. Apesar de vários temas, Sex and the City traz uma linha em comum: sobre as mulheres solteiras. As principais personagens são mulheres bem sucedidas em suas carreiras, mas que, no entanto, procuram um relacionamento. "Pela primeira vez ma história de Manhattan, muitas mulheres na faixa de 30 a 40 anos têm tanto dinheiro e poder quanto os homens" (p. 55). Daí nos perguntamos: será por isso que elas estão solteiras? Será que o fato de uma mulher ser bem sucedida na sua carreira assusta tanto os homens? Ou o fato dela ter uma personalidade forte? Acho que são pontos que nos fazem refletir um pouco sobre a ascensão das mulheres no mercado de trabalho e sobre os seus relacionamentos, sendo tal tema um fator comum não só em Nova York, como em todo o mundo. Aliás, o que vocês acharam?

8. De uma forma geral, o livro é bom. No entanto, é totalmente dispensável e nem chega aos pés do filme, que foi o que eu assisti. Imagino que seja da série também. Enfim, sou da opinião que vale mais a pena ver a série ou filme do que ler o livro. É sempre muito complicado esse tipo de comparação, mas acho que no fundo, me decepcionei um pouco com o livro. Esperava mais.

Boa leitura! ;*

25/06/2015

Sobre viver longe

Recomendo a leitura do artigo de Ruth Manus, no Estadão. 

Já vivi isso na minha vida e espero viver daqui a algum tempo. A decisão e o primeiro passo são sempre difíceis. A cama incomoda, a saudade faz com que sintamos um aperto no peito. Além daquele sentimento de culpa que demora para ir embora. 

"O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking."




23/06/2015

saudade.

Nunca pensei que pudesse o homem sentir tanta saudade.
Dizem que a palavra não existe em nenhum outro idioma
Mas eu conheço o seu significado.

A alma procura a outra
Na velocidade do desatino.
Não há lugar senão para a busca,
Nenhuma satisfação que não seja o encontro.
Nenhum engano possível,
Porque a alma sabe exatamente qual a outra é.
É aquela.

Em tudo maravilha encontrada seria uma
Num eterno abraço.
Porque não cala o trovão na mente?
Porque não seca a lágrima da obsessão?
Porque não cessa essa falta que enfraquece?
Essa dor que apenas cresce,
Porque não fecha o peito ardente.
Demente,
Não vê o abismo presente,
Não ouve o ruído dos passos,
Então cai eternamente.

Não sei se é verdade que de saudade também se morre,
Mas é melhor morrer do que sentir saudade.

(Domingos de Oliveira)

***
Pour mon amour.
Coisa gostosa é sentir saudade de quem se gosta.
Querer estar perto, juntinho, mas sem grude. :)


21/06/2015

Dia Mundial do Yoga

Estou escrevendo esse texto escutando "Se eu quiser falar com Deus", na linda voz de Maria Rita. Essa música, escrita por Gilberto Gil, tem tudo a ver com o meu momento e com o que aqui vou escrever.



Quando as pessoas me perguntam algo sobre o Yoga eu sempre digo que a prática do Yoga transformou a minha vida. Quem convive diretamente comigo e me conhece percebe a diferença (brutal) da Thalita-quando-pratica-Yoga da Thalita-quando-não-pratica-Yoga. 

Tudo começou assim: num momento bem difícil da minha vida, caiu em minhas mãos o livro "Comer Rezar Amar, da Elizabeth Gilbert, e me identifiquei muito com a história. A Elizabeth fala muito de como o Yoga e o Budismo ajudaram a superar seus problemas e fiquei muito interessada. Um ano depois, meu médico disse que eu precisava fazer algum exercício físico "leve", então, com esse "empurrão" comecei a prática da Hatha Yoga em 2013.



Infelizmente, minha prática de 2013 para cá não tem sido linear, por isso eu consigo perceber com clareza a diferença de quando estou praticando ou não. Um dos principais benefícios que o Yoga me traz é a leveza do corpo e da mente, eu me torno uma pessoa mais tranquila e em paz comigo e com os outros. Além disso, quando eu estou no meu tapete, eu sei que aquele momento é só meu, o tapete de torna o meu mundo, onde todo o stress acumulado pelo trabalho e os problemas não entram. São nesses momentos que eu me descubro, me conheço, me escuto. Toda essa experiência possibilitou a descoberta de um Deus que habita dentro de mim.

No começo sentimos dor. Mas com o tempo vamos nos ajustando nas posturas (asanas), o corpo vai respondendo aos estímulos, e tanto a mente quanto o corpo ficam relaxados, fluindo numa só energia. Cada um no seu ritmo, o Yoga respeita a individualidade de cada um. Pantajali, um grande mestre do yoga, observa que "a perfeição num asanas é alcançada quando o esforço para realizá-lo deixa de ser esforço e encontra-se o Ser inferior infinito" (Yoga Sutra II.47).

Hoje é o dia mundial do Yoga e eu queria compartilhar um pouco da minha experiência com vocês. Sou grata à vida por me dar a oportunidade de conhecer e experenciar essa prática milenar. O Yoga é para todos.

"O Yoga é uma luz que, depois de acesa, nunca enfraquecerá. Quanto melhor você praticar, mais forte será a chama" (Iyengar).

Namaste. 

18/06/2015

Vamos falar um pouco sobre a nossa juventude? Com vocês, "Em Janeiro", de Caio Bersot.

Editora: Independente
Páginas: 193
Veja sinopse do livro aqui.

1. Vamos falar um pouco sobre a nossa juventude?

2. Acabei de ler há alguns dias o livro "Em Janeiro", do Caio Bersot. Fiquei muito impressionada com a qualidade da história e o livro nem me pareceu de estréia do Caio. Claro, creio que a escrita pode ser melhorada, mas isso ocorre mesmo com o tempo.O importante é que me deparei com uma história incrível e que me gerou várias reflexões.

3. O primeiro ponto a frisar é que o livro foi escrito por um jovem e que conta a história de jovens. Isso pode não parecer muito importante, mas é: uma pessoa que escreve sobre sua geração, sobre o seu meio, tem muito mais propriedade da narrativa do que alguém de "fora". A narrativa se passa na cidade do Rio de Janeiro, entre o final de 2010 e início de 2011, e tem como protagonista oito jovens amigos. Esses jovens estão nessa fase de final de ensino médio e início de faculdade.

4. Sabemos que quando falamos de juventude, pensamos logo em risos, fantasias, amores consequentes e inconsequentes, brincadeiras, enfim, coisas boas. No entanto, "Em Janeiro" não é um livro "bonitinho" sobre jovens. Ao contrário, é um livro pesado, fala sobre os jovens lidam com as dificuldades da vida. Logo no início do livro, tomamos conhecimento de uma tragédia que afeta, direta ou indiretamente, praticamente todos os protagonistas. Além disso, presenciamos na narrativa família desestruturadas, alcoolismo, descobertas sexuais, sonhos, depressão, prostituição... O que mais me chamou a atenção, sendo muito sincera, nem foi tanto ver como os jovens lidavam com essas situações, mas sim ver como os pais lidavam com tudo aquilo... Enfim, algo trágico. Talvez por terem vivido sua juventude em outra época, muitos pais de hoje têm dificuldade em encarar os desafios dessa nova geração.

5. Já li alguns livros que trabalham um pouco essa linha. O primeiro livro que li (e já reli umas duas vezes) foi "Depois Daquela Viagem", de Valeria Polizzi, que retrata a história da escritora com contraiu o vírus HIV com o seu primeiro namorado e como foi viver numa época em que Aids era sinônimo de morte. Depois li "A Vida por um Fio" que retrata o mundo das drogas e sua difícil recuperação.

6. Fiquei pensando cá comigo sobre a leveza que é ser jovem e o peso de também o sê-lo. Alguns acharão que falo besteira, no entanto, no mundo de hoje, completamente diferente do mundo de 20 anos atrás, ser jovem tem seus perigos. A violência está muito mais próxima, o consumo de drogas também. Além disso, apesar de termos uma quantidade maior de jovens homossexuais, a nossa juventude é bem mais conservadora do que antigamente (essa pesquisa saiu um tempo atrás e fiquei intrigada com esse fato). E de quem é a culpa? Há culpados?

7. Sobre essas e outras questões tenho passado a refletir muito. O livro do Caio contribuiu muito para aumentar a minha reflexão sobre essa nova geração antenada nas redes sociais e que vive muito pouco o mundo real. Ainda sim, a única coisa certa é que a família tem um peso muito grande na formação de cada jovem, mas a impressão que tenho é que esta tem cada vez se desincumbido dessa tarefa.

8. Uma das cenas que mais me comoveu, foi a reflexão que uma das protagonistas, a Maria Luisa fez sobre a morte. "Dizem que a única certeza na vida é a de que todos irão morrer. Mas, por que será que nunca se pode ter certeza das heranças? Todo o mistério não é o que faz da morte o que ela é. As consequências é que são as verdadeiras responsáveis pelo medo da morte. Dor, solidão, e uma infinidade de sentimentos, atuam, como uma sede interminável. Com o tempo, a vida dos herdeiros é comida pelos problemas. As piores sensações vão alimentando-se da alma, e o que um dia fora reluzente, se torna rasgado, abatido, detonado por desejos insaciáveis. Este é o legado da morte: o limbo eterno dos vivos" (p. 82).

9. O livro "Em Janeiro", do Caio Bersot, está sendo distribuído gratuitamente pelo site www.emjaneiro.com.br. Vale a pena a leitura!

14/06/2015

Diário de Leitura #2: 14/06/2015

11:30:
Terminei de ler "Em Janeiro", do Caio Bersot. Gostei muito, um livro pesado, real. Na terça comento no blog.

15:00:
Retornei ao "Sex and the City". Estou achando legal, no entanto, é um livro que prefiro ler aos "poucos", muito cansativo. 

Obs.: entenda, meu "pouco" é acima do padrão, já que consigo ler 300 páginas em um dia, a depender do livro.

21:00:
Adorei o capítulo sobre o casamento com um homem em Manhattan. ♡

Saldo do dia:
Um livro finalizado - Em Janeiro, de Caio Bersot.
Sex and the City: 57 páginas lidas. 

13/06/2015

Diário de Leitura #1: 13/06/2015

Acordei hoje às 6:20 e já comecei a ler "Sex and the City", de Candance Bushnell.

Deixei Zaratustra um pouco de lado. Leitura difícil, não dá para ler no momento, ando sem tempo.

Até o momento tenho gostado do livro da Candance, apesar de imaginá-lo um pouco diferente. Vamos ver no decorrer do dia.

09:00:
Reprise do programa "Direito e Literatura", apresentado por Lenio Streck, na TV Justiça. Hoje o programa foi sobre "soberania" é os livros discutidos foram: Leviatã, As Viagens de Gulliver e Argo. Muito bom!

14:00:
Lendo "Sex and the City". Muito bom os artigos. Estou na pg 101. Gostei especialmente até agora do que fala do perfil das mulheres que nunca se casam e dos solteiros de Manhattan.

19:00:
Voltei a ler "Sex and the City", mas o cachorrinho da vizinha não está deixando. Tadinho...

21:00:
Queria ler mais um pouco, mas "Sex and the City" já estava cansativo. Aproveitei para iniciar "Em Janeiro", do Caio Bersot. O cachorrinho continua chorando.

Saldo do dia:
- Sex and the City: 131 páginas.
- Em Janeiro: 14% lido (ebook)

09/06/2015

"Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado

Editora Companhia das Letras
Páginas: 336
Resenha do livro aqui.

1. "Gabriela, Cravo e Canela", publicado em 1958, é o primeiro romance escrito por Jorge Amado após este deixar o partido comunista brasileiro e se isolar politicamente pela esquerda e o primeiro onde ele atenua o conteúdo político, muito presente em seus romances anteriores, talvez devido a essa ruptura política.

2. Jorge Amado nasceu em Itabuna (Bahia), em 1912, no entanto, logo cedo foi para Ilhéus (Bahia), cidade onde passou a infância e aprendeu as primeiras letras. Estudou o secundário em Salvador (Bahia) - cidade que ele chamava de Bahia -, e após, estudou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Foi o quinto ocupante da Cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na sucessão de Otávio Mangabeira, eleito em 1961. Dizem as boas e más línguas que "Gabriela, Cravo e Canela" contribuiu imensamente para que o mesmo fosse eleito para a ABL. De todo modo, o conjunto de sua obra literária nos demonstra o motivo de tal confiança dos acadêmicos.

3. "Gabriela, Cravo e Canela" faz parte da segunda fase do modernismo brasileiro, conhecida também como "Prosa dos 30". Nessa fase, o romance acaba servindo como denúncia para os problemas sociais e políticos nos quais o Brasil enfrentava nas décadas de 1930 e 1940. Os novos realistas ou regionalistas focavam principalmente no povo nordestino, seus problemas com a seca, a migração, a miséria e a baixa (ou melhor, nenhuma) escolaridade. Jorge Amado, assim com Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Rachel de Queiros, entre outros enriqueceram essa época com seus romances em prosa.

4. Com esse livro, Jorge Amado inaugura uma nova fase que aborda também as mulheres como centro da narrativa, como mito sexual e como agentes do próprio desejo. Além de "Gabriela, Cravo e Canela", encontramos tal característica em "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1966), "Teresa Batista cansada de guerra" (1972) e "Tieta do Agreste" (1977).

5. A narrativa ocorre em terceira pessoa (narrador onisciente, que tudo sabe e que tudo vê) e se passa em Ilhéus, entre 1925-1926, época dos coronéis e também da riqueza do cacau. O livro se divide em suas partes e, em cada parte, se subdivide em dois capítulos. Podemos perceber que cada capítulo é intitulado com o nome de uma mulher (Ofenísia, Glória, Malvina e Gabriela), mulheres essas malvistas pela sociedade hipócrita ilheense, mas que emanam um poder feminino capaz de enfrentar qualquer um. O que significa que Jorge Amado quis dar destaque à sensualidade dessas mulheres, às suas histórias e ao seu próprio desejo.

6. Ilhéus vive em plena transformação. E acompanhamos o início dessa transformação e o choque entre os antigos e velhos costumes nesse livro. Há quem diga que Jorge Amado exagerou um pouco, no entanto, exagerando ou não, percebemos que sua intenção maior era mostrar o choque da sociedade e sua hipocrisia diante dessas grandes transformações. Um dos principais personagens do enredo, Mundinho Falcão, desembarca em Ilhéus, oriundo do Rio de Janeiro, fugindo de seu grande amor, e junto com ele traz a modernidade e a prosperidade para a cidade. Um de seus principais feitos é a dragagem do antigo porto de Ilhéus, que realmente ocorreu, no entanto, no ano de 1924. Tal obra será o pano de fundo de toda a história e um dos principais motivos de disputa política entre o próprio Mundinho Falcão e o coronel Ramiro Bastos, até então a única personalidade política na cidade.

7. Acompanhamos na narrativa toda a preparação da disputa política que ocorreria em 1926, o voto de cabresto, a violência utilizada, o orgulho dos coronéis, o abuso de poder. No entanto, ao mesmo tempo que vemos essas práticas, percebemos que o progresso na cidade também traz mudanças de concepções políticas. Essa contradição, esse antagonismo, no qual a cidade é espectadora e ao mesmo tempo parte, é muito interessante. 

8. Não obstante, "Gabriela, Cravo e Canela" é também - e, principalmente - , uma história de amor. Amor entre o sírio Nacib e a formosa Gabriela. Gabriela, que acaba trabalhando na casa do seu Nacib, se mostra não apenas uma excelente cozinheira de comida nordestina e apimentada, mas também sedutora e inocente. De espírito livre e rústico, Gabriela encanta todos os homens da cidade e desperta o ciúme de seu Nacib. Este se decide casar com Gabriela, no entanto, vemos que nem todas as flores foram feitas para viverem nos vasos, como o próprio amigo de seu Nacib, João Fulgêncio, aconselhou ao amigo. O casamento acaba, mas o amor e desejo entre os dois, não. Gabriela está alheia a todas as convenções sociais, sendo apenas uma cozinheira, não se interessando pelas formalidades sociais e nem pelos sapatos apertados que é obrigada a usar. Uma curiosidade interessante: Gabriela foi inspirada numa pessoa, a cozinheira Maria de Lourdes do Carmo, esposa do libanês Emilio Maron, que também tinha um "Bar Vesúvio". Mas o próprio libanês chegou a declarar que sua mulher foi vítima de uma injustiça, pois ela não poderia ter sido modelo para a mulata, pois "Maria de Lourdes tinha um comportamento honrado, enquanto Gabriela...".

"Quando ela ri, seu Tonico, até tonteia a gente" (Chico Moleza)
9. Ao mesmo tempo, e apesar do livro apresentar essas duas vertentes (progresso de Ilhéus e amor entre Nacib e Gabriela), acompanhamos histórias paralelas que, direta e indiretamente, são fruto direto do choque entre o passado e o novo. Vemos Sinhazinha e Dr. Osmundo serem mortos pelo coronel Jesuíno Mendonça, que os flagrou no ato da traição. Toda a sociedade o apoiando, pois "mulher que traí merece morrer", mas pelas costas, sentindo pena do destino da coitada da Sinhazinha, que sofria nas mãos do marido. Reflexo do machismo da sociedade e da própria hipocrisia decorrente desse machismo. O final do livro é espetacular, pois mostra a transformação da sociedade e como esses preconceitos vão sendo deixados de lado pela modernidade.

10. "Gabriela, Cravo e Canela" é o livro de Jorge Amado com maior número de traduções, fazendo dele o escritor brasileiro mais conhecido no mundo, depois de Paulo Coelho. Aliás, com esse livro, o escritor no Brasil recebeu o prêmio Machado de Assis e Jabuti, além de ter sido adaptado para o cinema e televisão inúmeras vezes, passando por vários países.

11. Para quem é fã da produção nacional, esse livro é obra obrigatória. A leitura é fácil e apesar de algumas palavras fugirem do nosso cotidiano, foi fácil entender o contexto Não é à toa que está na lista dos "100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira", da Revista Bravo. Sinceramente, nunca tinha lido nenhuma obra dele. Por preconceito e por falta de oportunidade. Engraçado - e triste! - o preconceito que alguns de nós, brasileiros, temos com a própria produção nacional. Mas é isso, que bom que mudei totalmente de opinião sobre Jorge Amado! Hahaha!

E você, o que achou?

Beijos e boa leitura! ;*

06/06/2015

Tag: 05 Livros para Reler


Fui marcada pela @liecurti no Instagram na tag #05livrosparareler. Compartilhei lá no Instagram (@thalitalindoso) os livros que adorei ler e que, com certeza, irei reler. Agora compartilho aqui com vocês e vou falar um pouco sobre cada livro e o porquê dele ter me marcado muito.

1) "Comer Rezar Amar", de Elizabeth Gilbert

Acho que esse livro caiu em minhas mãos no momento certo da minha vida. Aliás, foi através desse livro que passei a me interessar pela meditação e yoga. É um livro autobiográfico e conta a jornada que a Elizabeth passou ao redor do mundo em busca da sua recuperação pessoal. Ela resolveu viajar durante um ano por três países (Itália, Índia e Indonésia) e cada verbo do título do livro descreve cada país por onde ela passou. 

Achei a história interessantíssima e aprendi muito com a Liz. Ao mesmo tempo que a protagonista fazia sua jornada pelo mundo eu também fiz a minha jornada pessoal, em busca do meu próprio eu. Aliás, interessante observarmos os países pelos quais a Elizabeth passou, todos começam com "i", que em inglês significa "eu". É exatamente isso o objetivo de toda a jornada de Gilbert, a busca pelo seu eu.

Muitas pessoas odiaram o filme. No cinema, Elizabeth Gilbert é interpretada por Julia Roberts. Na minha opinião, o filme não é ruim. Porém, o livro é infinitamente melhor, mais rico. Vale muito à pena a leitura!

2) "Crime e Castigo", de Fiódor Dostoievski

Esse livro foi o primeiro livro da literatura russa que li. O livro narra a história de Rodion Românovitch Raskólnikov, um jovem estudante que comete o assassinato de uma pobre velhinha e que tem uma crise existencial após o delito.

Apesar dos nomes russos bem complicado, achei a história bem tranquila de se ler e adorei o estilo de Dostoievski. Após esse livro, ele tornou-se um dos meus escritores preferidos e adquiri alguns outros livros dele, uns que já li e outros que ainda irei ler. Esse livro está no meu desafio literário "100 Livros Essenciais da Literatura Mundial" e, provavelmente, irei reler o mesmo em breve.

3) Coleção "Harry Potter", de J. K. Rowling

Acho que Harry Potter marcou uma geração. Sinceramente, é a melhor ficção juvenil que já li em minha vida e os filmes lançados vieram complementar a nossa fantasia. Quem nunca leu Harry Potter, por favor, leia! Além disso, acho que Harry Potter abriu o mercado editorial para outras literaturas infanto-juvenis, como Percy Jackson. Enfim, uma coleção completa, que aguça a nossa imaginação e que nos emociona.

Recentemente, estava em dúvida se vendia ou não a minha coleção de Harry Potter. Tenho um amor muito grande por esses livros, por isso, resolvi deixá-los para releitura. Estou doida para reler a história novamente, pois quando comecei, tinha uns 15 anos, ou seja, já tem algum tempo.

4) "Vida Organizada", de Thais Godinho

Sou muito fã da Thais Godinho. Já falei isso várias vezes aqui no blog. O blog dela Vida Organizada é uma fonte de inspiração para mim, seja como pessoa ou como blogueira. Quando o livro dela foi lançado e chegou nas livrarias daqui do Maranhão, comprei na hora! Fiquei muito feliz e passei a devorar o livro.

"Vida Organizada" é um manual de organização da vida. Alguns métodos já tenho implementado na minha vida, mas outros ainda irei implementar. É o tipo de livro que temos que carregar para sempre conosco. Na verdade, tenho a opinião de que cada pessoa usa o método que for melhor para você. No entanto, a Thais é muito feliz, porque ela dá um norte, um primeiro passo de como começar. Claro, que acompanha o seu blog não viu muita novidade no livro. No entanto, ele acaba por se tornar essencial, pois com ele achamos seus conselhos de uma forma mais rápida e organizada.

Leia, vale muito a pena essa leitura!

5) "Persépolis", de Marjane Satrapi

Esse livro é grandioso! Trata da própria história da iraniana Marjane contada em quadrinhos. De forma muito muito resumida, o livro trata das mudanças políticas e sociais do Irã e como isso afetava a alma revolucionária e a vida da nossa escritora. Após esse livro, complementei meus conhecimentos sobre a revolução do Irã com um livro histórico que tratava da própria revolução e fiquei fascinada.

Enfim, estou com muita vontade de reler esse livro e já o coloquei na minha lista de releituras! 

E quais são os cinco livros que você gostaria de reler?

Boa leitura! ;*


02/06/2015

[Editorial] Dedique-se e Ame

All we need is love
Adoro o mês de junho. Além das tradicionais festas juninas e de suas comidas típicas, o mês de junho me dá aquela sensação que metade do ano já se passou e outra metade ainda está por vir. Momento de olhar para trás, analisar projetos, ver o que foi feito e o que falta ser concluído ainda este ano. Além disso, é o mês do amor. E, no meu ver, não só do amor ao companheiro(a), mas também amor ao próximo, amor pela vida, amor pelo que fazemos. Falta tanto isso em nós, o mundo anda tão violento... enfim, que tal refletirmos nesse momento no que sentimos pelo próximo e se amamos o que fazemos?

Para mim, esse mês de junho também será o mês onde irei me dedicar principalmente aos estudos, pois é o último mês que tenho para finalizar alguns projetos de pesquisa.

Maio foi um mês onde consegui organizar, minimamente, minha vida e minhas finança e espero continuar nesse ritmo. Se tudo continuar caminhando do jeito que está e se a forma como estou me organizando der certo para mim, pretendo compartilhar com vocês em julho a minha organização. Aliás, as reflexões que fiz no final de abril e início de maio foram essenciais para começar esse mês mais tranquila, encaminhando meus projetos pessoais e feliz comigo mesma. Parar, respirar, refletir e seguir adiante é primordial para todo ser humano.

Provavelmente - e infelizmente! - estarei diminuindo o ritmo das minhas leituras em junho. Devido à isso, espero poder compartilhar minha opinião sobre alguns livros lidos meses atrás, que merecem uma opinião, mas que ainda não tive tempo de escrevê-la. Mas, como disse, apenas espero, pois não sei se vou conseguir, já que a prioridade mesmo é me dedicar aos estudos.

Li ontem o editorial do blog Vida Organizada e me senti muito inspirada. Aliás, está em total sintonia com o que eu sinto neste momento. Por isso, por estar em busca do que eu amo, estou me dedicando tanto nesse momento às novas oportunidades que a vida está me oferecendo. "Porque descobrir aquilo que você ama pode mudar sua vida e a de outras pessoas" (Thais Godinho).

Por isso, ame e dedique-se!
Um ótimo mês de junho para tod@s nós!

28/05/2015

Como organizo a minha leitura

Olá! Espero que todo@s vocês estejam muito bem! Vim falar um pouco para vocês sobre a forma que eu organizo as minhas leituras.


Muitas pessoas me perguntam como eu faço para ler tanto. Pra começo de conversa eu leio muito, mas nem tanto assim. Tenho uma média de mais ou menos um livro por semana, mas é uma média mesmo, pois há vezes em que demoro muito mais que isso para finalizar um livro e em outras leio um livro em dois dias, por exemplo.

Penso que organização é essencial em qualquer aspecto da vida e, no que tange às leituras, não deve ser diferente. Eu resolvi me organizar, não para poder ler mais livros durante um ano, mas porque percebi que existem muitos livros na minha estante não lidos e eu sempre comprando cada vez mais e mais. Dessa forma, criei um método muito particular para poder cumprir todos os desafios que me propus participar e, ao mesmo tempo, ler os livros "encalhados" da minha estante, que vou compartilhar com vocês:

a) Como eu tenho muitos livros físicos e e-books e, enfim, como não consigo ler mais de um livro ao mesmo tempo, resolvi que sempre leio um livro e um e-book, de forma intercalada;

b) Para evitar livros e e-books "encalhados" na minha estante e no meu ereader Kobo, eu estou sorteando agora os livros que vou ler. Achei essa ideia muito interessante no canal do YouTube da Tatiane Feltrin e resolvi adaptar e copiar para mim. Tem dado certo e os livros da minha estante estão "circulando"!

c) A cada 05 (cinco) livros/e-books lidos, eu faço o sorteio de um livro de um dos desafios que criei da Revista Bravo (100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira e 100 Livros Essenciais da Literatura Mundial) e, após, o sorteio de mais um livro do desafio "30 Livros Para Ler Antes dos 30". Foi uma forma que criei de dar andamento aos desafios que participo e também ler os livros que tenho na minha estante. Além disso, para evitar estar comprando livros novos, nesses sorteios dos desafios, estou dando preferência aos livros que já tenho na minha estante que faz parte desses desafios. Entenderam? Não? Então vamos lá: 05 livros lidos + 01 livro de um dos desafios da Revista Bravo + 01 livro do desafios dos "30 Livros Para Ler Antes dos 30". Pode parecer complicado, mas não é.

d) Ainda sim, tão logo leio um livro faço logo uma resenha aqui no blog. Tenho vários livros que já li para resenhar e que merecem ter uma opinião compartilhada, no entanto, como acabava emendando uma leitura na outras, algumas resenhas ficaram para trás... Quem sabe um dia eu escreva. Mas, para evitar isso, estou escrevendo assim que termino o livro.

e) Um dica bem legal: tenho vendido muitos livros em sebos, após lê-los. Tenho um grande cuidado com os meus livros, então, mesmo após ter lido, eles sempre estão com cara de novo. No entanto, não tenho feito isso com todos, os livros que quero reler ou deixar na minha estante, ficam comigo. Mas essa dica tem sido bem legal, porque, além de esvaziar a minha estante, dando espaço para novos livros, eu tenho ganhado um dinheirinho (gente, não é muita coisa, não vá pensando que você vai ficar rico vendendo seus livros) e, de certa forma, compartilhado o livro com outras pessoas.

f) Só compro um livro após ter lido cinco. Também peguei essa dica do canal da Tatiane Feltrin, no entanto, no caso dela, é a cada 10 livros lidos um novo é comprado. Ainda sim, só compro nos casos em que eu realmente queira comprar um livro e de preferência que seja de algum desafio no qual esteja participando, pois estou evitando novas aquisições literárias. =)


g) Tenho sempre um controle do que eu leio por dia, uma espécie de "Diário de Leitura", onde anoto o que eu li naquele dia e a quantidade de páginas. Além disso, tenho uma página no blog com todos os livros que li. Isso é uma forma de controlar o meu tempo e o que eu li.

h) Por fim, as pessoas muito me questionam sobre como eu arrumo tempo para ler tanto. Acho que isso não é um mistério. Primeiro, eu não me proponho a ler todos os dias. Como estou estudando para outras atividades relacionadas à minha carreira, tenho me dedicado à leitura basicamente aos finais de semana. No entanto, sempre ando com um livro na bolsa, pois às vezes numa fila de banco ou após o almoço, um livro é sempre bem-vindo. Isso é de pessoa para pessoa, de acordo com o seu tempo, suas atividades e sua paciência. Segundo, meu tempo tem 24 horas, assim como o de todos e, ainda por cima, durmo muito cedo. Mas, a leitura deve ser encarada com algo que venha trazer relaxamento, paz, alegria, e não como uma obrigação. Se você não gosta de ler ou não tem o hábito, vá com calma. Já conheci pessoas que leem 100 páginas por dia e outras que leem 05. Isso vai de cada um, portanto, veja o que é melhor para você.

E você, tem algum método de organização das suas leituras?
Boa leitura! ;*
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