14/03/2015

Três livros de Rubem Alves

Olá pessoas queridas! =]

Resolvi falar, numa postagem só, sobre alguns livros do Rubem Alves que li e que me tocaram profundamente. Rubem Alves tem essa facilidade de conversar com a nossa alma, com o nosso ser e todos os três livros que li e que vou relatar logo abaixo mexeram muito comigo, me fizeram pensar e consegui me identificar muito com os seus pensamentos.

Antes quero falar o seguinte: eu tinha um preconceito imenso com o Rubem Alves! Não sei de onde surgiu isso, eu simplesmente criei esse preconceito da minha cabeça e imaginava que seus livros fossem muito ruins. No entanto, felizmente uma amiga me presenteou com o livro "Perguntaram-me Se Acredito Em Deus" e paguei a língua. Felizmente! (obrigada, Mônica!) No entanto, para minha tristeza, só o "conheci" após a sua morte.

Bom, se você é uma pessoa que tem esse "preconceito" que eu tinha sobre o Rubem ou se você nunca leu uma obra dele, deixe tudo o que você está fazendo agora e leia um livro seu, qualquer que seja! Eu juro, você não vai se arrepender...

Se você quiser conhecer Rubem Alves leia os seus livros. Lá estão a mais pura essência de quem foi (e ainda é) Rubem Alves. Você também pode acessar o seu site que descreve também um pouco sobre ele e seus projetos. Mas quero descrever aqui o que eu acho quem é (foi) esse mineiro.

Rubem Alves "é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente" (Fernando Pessoa). Ele foi poeta, escritor, filósofo, educador, cronista, contador de histórias (e das boas), teólogo, acadêmico, psicanalista e, acima de tudo, um amante das coisas boas e simples da vida e dos ipês amarelos. Ele foi e é, porque o seu legado, as suas ideias, ainda moram - vivas - dentro de nós.

Pois bem, ano passado li "Perguntaram-me Se Acredito Em Deus" e recentemente li mais dois livros "A Grande Arte De Ser Feliz" e "Pimentas", todas da Editora Planeta. Sobre esses livros que passo a falar agora.

# Perguntaram-me Se Acredito Em Deus



Sinopse: "Escrever e ler são rituais mágicos. Num primeiro momento, aquele que escreve transforma a sua carne e o seu sangue em palavras. No momento seguinte, aquele que lê transforma as palavras lidas na sua própria carne e no seu próprio sangue. A isso se dá o nome de antropofagia. O escritor se oferece para ser comido. O leitor lerá o texto se o seu gosto for bom. Se o gosto do texto for bom, ele então o comerá até o fim. Escrever e ler, assim, são um ritual eucarístico: comer carne e beber sangue. O sangue do escritor então irá circular no corpo daquele que o leu.
Os rituais antropofágicos não se faziam por razões gastronômicas. O que se desejava era que as virtudes da vítima fossem transferidas para o corpo daquele que comia.
Esses textos são pedações de mim. Li muitos textos sagrados. Comi aqueles que me deram prazer. Os outros, meu sangue rejeitou.
Agora eu os ofereço como partes de mim mesmo. Se eles lhe derem prazer, você ficará parecido comigo. E experimentaremos aquilo que se dá o nome de comunhão..."



Com um convite desse, impresso na orelha do livro, difícil não ter a curiosidade de saborear "Perguntaram-me Se Acredito Em Deus". Esse livro é alimento para nossa espiritualidade. Nele, Rubem expressa sua forma de ver Deus através do velho mestre Benjamin.

Mestre Benjamin é um contador de histórias de uma aldeia/comunidade e todas as noites as crianças e adultos se reúnem em torno dele na sua tenda para escutar suas histórias sobre o texto sagrado. Todas as perguntas eram respondidas através de histórias, por isso as crianças o adoravam.

O que mais me encantou nesse livro foi a visão de Rubem sobre Deus. Longe de ser aquele Deus-carrasco apresentado pela maioria das Igrejas, para o escritor "Deus é a beleza". Esse livro faz a gente pensar e repensar um bucado de coisas sobre a nossa espiritualidade.

Nota: 5/5

# A Grande Arte de Ser Feliz






Sinopse: Em A Grande Arte de Ser Feliz, Rubem Alves nos presenteia com uma seleção de crônicas tocantes sobre a vida. O autor nos propõe que cada pensamento seja como um novo brinquedo, que nos dê alegria, nos divirta e também faça pensar. Muitas das crônicas foram escritas a partir de dúvidas e sugestões de leitores que acompanham seu trabalho e foram enviadas a ele por meio de cartas, e-mails ou telefonemas. Seu estilo único, profundo e metafórico é desenvolvido em três partes: Coisas que dão alegria, Coisas do amor e Coisas da alma, sendo que cada uma delas apresenta de forma encantadora os sentimentos e situações que todos nós já nos deparamos um dia.








O que me chamou atenção inicial nesse livro foi a capa: que mandala linda! A gente pode ficar horas e horas olhando para ela e refletindo um milhão de coisas... Talvez seja esse o propósito dessa mandala na capa, nos fazer refletir enquanto lemos cada crônica do escritor.

Como bem descrito na sinopse, Rubem Alves selecionou aqui algumas crônicas que possuem como pano de fundo o tema "felicidade" do mais diversos pontos de vista e dividiu o livro em três partes: Coisas Que Dão Alegria (08 crônicas), Coisas do Amor (09 crônicas) e Coisas da Alma (09 crônicas).

Aqui, mais importante do que falar sobre as crônicas, é fazer um convite para você, leitor, ler o livro e se deliciar a cada momento. As crônicas que mais gostei foram: Sem Contabilidade, 'Vossos Filhos São Pássaros...', Sobre Deus e Sobre o Inferno.

Nota: 5/5


# Pimentas

Sinopse: Trata-se de uma compilação de crônicas sobre ideias e pessoas, sobre pensamentos que incendeiam a mente e que levam a outras ideias. Daí o título do livro, conforme explica o autor: “Pimentas são frutinhas coloridas que têm poder para provocar incêndios na boca. Pois há ideias que se assemelham às pimentas: elas podem provocar incêndios nos pensamentos. (…) Mas, para se provocar um incêndio, não é preciso fogo. Basta uma única brasa. Um único pensamento-pimenta…”. Dividido em 74 pequenos contos, reflexões que brotaram na mente sempre criativa do autor, o livro encanta por sua proximidade com a vida cotidiana de pessoas comuns. “Pois qual é o dono de cachorro que nunca olhou para os olhos de seu cãozinho e se perguntou: ‘O que será que ele pensa de mim?’”, indaga Rubem em Sobre gatos. E com a sua tônica espirituosa, prossegue: “Alguém disse que preferia os gatos aos cachorros porque não há gatos policiais”. Religião (histórias sobre São Judas, São Jorge e até sobre o diabo), animais domésticos, noções de etiqueta, comida, gramática, literatura, poesia (o autor é um grande admirador de Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Adélia Prato e Manoel de Barros, só para citar quatro grandes poetas), saúde e doença, velhice, sexo, homens e mulheres, ciência, fé e morte. Nada escapa à mente de Rubem Alves, um observador arguto da vida e de seus pequenos momentos, possivelmente insignificantes para um olhar menos atento.


O que aconteceu quando li esse livro: comecei lendo-o, saboreando cada crônica e depois não queria mais parar! Acho que li esse livro em uns dois dias... O que é muito ruim, concordo, mas eu simplesmente não queria mais acabar de ler as crônicas.

Como dito na sinopse, em "Pimentas", Rubem Alves selecionou 74 crônicas que continham reflexões do escritor sobre a vida, sobre a espiritualidade, sobre a morte, etc., e colocou nesse livro que tem como objetivo incendiar a nossa mente.

É um livro divino. Aliás, dos três livros aqui abaixo, se você me pedisse para escolher apenas um deles para ler, provavelmente escolheria "Pimentas". Não que seja melhor que os outros, mas aqui como há mais crônicas, temos uma noção das reflexões do autor sobre os mais variados temas.

Uma crônica que achei interessantíssima foi "Sobre a Função Cultural das Privadas". Nela Rubem fala: "A privada é o lugar onde estamos sós e ninguém tem o direito de nos incomodar. Lugar de refúgio, santuário de solidão. Quando a gente está na privada, não tem de se comportar direito, não tem de prestar atenção ao que os outros estão dizendo. É um lugar de liberdade e honestidade".

Outras crônicas que gostei muito: Dona Clara, Os Ipês Amarelos, Amor de Velhice, Escrevo o Que Não Sou..., Conversa com o Diabo II, "Tudo É Inútil...", A Dor da Morte, Monsieur Verdoux e Ensinando a Tristeza.

E vocês, já leram? O que acharam?

Boa leitura! :*

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