19/04/2014

"O Mundo de Sofia", de Jostein Gaarder

Passei quase dois meses lendo esse livro e tive várias impressões dele durante esse tempo. Se você é o tipo de pessoa que não gosta de filosofia ou que até gosta de filosofia, mas não gosta de livros densos (não quanto à quantidade de páginas, mas quanto à qualidade de informações), então, nem leia “O Mundo de Sofia”. Sério, quando chegar no terceiro capítulo você vai querer se matar (acho que exagerei... Na verdade, você não vai mais querer ler o livro e só isso).

Por outro lado, se você busca um livro recheado de conteúdo filosófico com uma história surpreendente e não se importa em ler histórias densas, então, posso dizer que este é o livro certo para você.

Capa antiga do livro
Bom, posso dizer que li este livro no momento certo, porque, além de realmente querer lê-lo eu estava necessitando de uma base filosófica, mesmo que superficial. Em 2005 peguei esse livro emprestado com uma amiga e não conseguia passar do quarto capítulo. Ano passado resolvi devolvê-lo, mas, mais por vergonha mesmo de estar tanto tempo com o livro dela e nem sequer ter coragem de pegá-lo para ler todo (e, claro, ela nem se lembrava mais que esse livro estava comigo...). Devido à minha necessidade de momento, comprei um exemplar e li o mesmo nos últimos dois meses.

Minhas impressões? Como disse anteriormente, foram as mais variadas. Houve momentos em que eu me deliciava com a história e outras em que a história estava tão entediante, que queria desistir de ler... Em outros, eu lia os textos filosóficos duas, três vezes, para poder assimilar bem seu conteúdo, já outros textos passei bem rápido ou porque eram chatos ou porque conseguia assimilá-los logo na primeira leitura. E aí, quando a gente chega na metade do livro e a história dá uma reviravolta... Minha empolgação voltou e eu simplesmente devorei o livro da sua metade até o final.

O livro conta a história de uma menina chamada Sofia Amundsen que está prestes a completar quinze anos e passa a receber cartas anônimas de um curso de filosofia de um filósofo chamado Alberto Knox. No entanto, além do curso, ela recebe também cartões postais do Líbano, endereçados a uma menina chamada Hilde Moller Knag, do seu pai Albert Knag. Sofia passa a não entender o que está acontecendo, pois não conhece nenhuma menina chamada Hilde, muito menos um major Albert. Ainda sim, aos poucos, ela começa a aprofundar o seu conhecimento de filosofia, com o curso que Alberto Knox leciona para ela, seja através de cartas ou através de conversas devidamente ambientadas ao contexto.

Sobre o conteúdo filosófico em si, o mesmo nos dá uma noção geral sobre o pensamento dos filósofos mais importante da história. Desde os filósofos da natureza, passando por Sócrates, Platão e Aristóteles, chegando à Idade Média com os ensinamentos de Santo Agostinho, entrando no período da Renascença, do Romantismo, até chegar aos principais filósofos modernos, como Marx, Hegel, Darwin e Freud, o livro apresenta uma visão geral sobre a história da filosofia. Mas, claro, o livro é um romance e não pretende ser um curso aprofundado de filosofia. Creio que a principal intenção de Jostein Gaarden foi despertar o interesse filosófico de muitos jovens e adultos e dar-lhes uma base importante para poderem se aprofundar depois, caso tenham interesse.

Na metade do livro, a história dá uma reviravolta e passa a acontecer em dois planos. E foi essa parte que achei interessantíssima e muito inteligente da parte do escritor. Não vou contar mais detalhes, pois quero que outras pessoas se surpreendam com a história, mas não posso deixar de falar que um novo livro começa a partir dessa mudança.

A história se passa na Noruega e também revela detalhes interessantes sobre a cultura norueguesa. Os principais personagens do livro são: Sofia Amundsen, Alberto Knox, Hilde Moller Knag e Albert Knag. Além desses quatro, o livro conta com a presença singular da amiga da Sofia, a Jorrun, e da mãe de Sofia, Helene Amundsen.

ISBN: 978-85-359-2189-2 Editora: Companhia das Letras Páginas: 566 Nota: 4/5
A sinopse:
Cartas anônimas começam a chegar à caixa de correio da menina Sofia. Elas trazem perguntas sobre a existência e o entendimento da realidade. Por meio de um thriller emocionante, Gaarder conta a história da filosofia, dos pré-socráticos aos pós-modernos, de maneira acessível a todas as idades.
Achei o livro surpreendente, apesar de algumas partes serem entediantes. O final não me agradou muito, mas pode-se dizer que é um pouco interessante e totalmente inesperado. Creio que, se o objetivo do Gaarden tenha sido passar a história da filosofia ocidental para um público que não tem muito contato com o estudo da filosofia e até despertar um pouco o interesse da matéria junto a esse público, creio que ele conseguiu.


Boa leitura! ;-*

Um comentário:

  1. Olá Thalita! Primeiro gostaria de lhe cumprimentar dizendo que sinto saudades de você, nos vemos em poucas ocasiões durante minha breve militância no movimento mudança mas guardo boas impressões quanto à sua personalidade e postura naquele ambiente. A respeito do livro também o li e achei uma delícia de história, envolvente, informativa, didática e digo que esta é uma característica de Gaarder, quando puder leia o romance A Garota das Laranjas, é do mesmo autor e segue também esta estrutura. Ao ler O Mundo de Sofia é impossível não se sentir desafiado a ir mais a fundo na história da filosofia ocidental com tantos personagens curiosos e nessa busca acabei conhecendo um outro autor interessantíssimo, que é o Irvin Yalom. Se você gostou de O Mundo de Sofia leia também Quando Nietzsche Chorou de Irvin Yalom.

    Att.

    Izaías Amaral
    amaral.izaias@yahoo.com.br

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